Caso Quim: CJ bloqueia processo e IPQ não atende Braga

7 jun 2002, 18:16

Um processo cada vez mais demorado... O calvário do guarda-redes do Braga promete durar. Divergência de leitura entre Liga e FPF prolonga a suspensão.

O caso Quim arrisca-se a tornar num dos impasses mais longos do historial de situações de doping no futebol português. O Conselho de Justiça entendeu anular a decisão da Comissão Disciplinar da Liga de levantar a suspensão preventiva ao jogador bracarense -- bem como ao brasileiro Glauber, do Boavista -- pelo que ambos continuarão impedidos de participar em jogos oficiais.

Suspenso preventivamente desde o passado dia 15 de Fevereiro, por ter acusado níveis excessivos de nandrolona, o guarda-redes do Sp. Braga nunca se cansou de clamar inocência. A Liga foi protelando a definição de uma sentença, mas no passado dia 15 de Maio -- precisamente quando a suspensão preventiva completou três meses, a Comissão Disciplinar do organismo que gere o futebol profissional entendeu levantar essa suspensão.

A intenção dos juízes da Liga seria impedir que Quim cumprisse, na prática, uma pena mais longa do que aquela que, potencialmente, constituiria a duração do castigo, caso este já tivesse sido aplicado: três meses, ou seja, o limite mínimo previsto para este tipo de casos, que deveria ser aplicado, dado que o jogador não tem antecedentes do género.

Mas, uma vez mais, as divergências na leitura e na forma de agir entre Liga e Federação provocam uma situação extremamente delicada para o guarda-redes internacional português: a Federação entendeu recorrer para o Conselho de Justiça desse levantamento da suspensão, por considerar que essa foi uma «não decisão» e, como tal, sem efeitos legais. O CJ deu razão a esse recurso, pelo que o caso Quim está... mais bloqueado do que nunca.

Instituto Português de Qualidade ainda não se pronunciou

Mas os obstáculos na defesa do Quim não se ficam por aqui. Se não bastassem os solavancos entre Liga e FPF, a verdade é que outras instâncias competentes têm-se mostrado reticentes em atender às reclamações dos bracarenses.

Ao que o Maisfutebol apurou, a queixa que o Braga apresentou junto do Instituto Português de Qualidade (IPQ), de modo a que este organismo apurasse a competência do Laboratório de Análise de Dopagem e Bioquímica (LADB)em executar este tipo de análises anti-doping, ainda não foi atendida.

Paulo Herbert, engenheiro químico e especialista que foi consultado ao longo de todo os processos Quim e Glauber, confirmou ao Maisfutebol esta situação: «O Instituto Português de Qualidade tem a obrigação de avaliar as competências técnica do LADB. O Braga apresentou uma queixa e tem direito cívico de ser atendido. Estranho muito o facto de o IPQ ainda não ter, sequer, começado a analisar os argumentos do Braga, dada a importância da matéria que está em causa».

Refira-se que o IPQ é um dos organismos competentes para conferir ou retirar a acreditação ao LADB, a par de autoridades internacionais em matéria de doping.

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