Agostinho Oliveira: «Quiseram pôr os jogadores contra mim»

14 out 2002, 18:56

Treinador português diz que nada lhe foi dito sobre o futuro O treinador português continua sem saber o que vai acontecer depois de quarta-feira.

Agostinho Oliveira, ainda seleccionador nacional, continua sem saber o que vai acontecer depois do jogo com a Suécia, da próxima quarta-feira. Quando foi indicado para o cargo, provisoriamente, sabia que ia desempenhá-lo até ao dia 16 de Outubro. A dois dias do prazo, ainda nada lhe foi comunicado para o futuro.

O nome de Manuel José para seleccionador voltou a ser falado na comunicação social nos últimos dois dias, mas Agostinho Oliveira, esta tarde, na partida da equipa nacional para a Suécia, não quis comentar essa hipótese. «Não sei quem vem, ainda não me foi dito nada», justificou.

Agostinho Oliveira garante não estar insatisfeito com o facto de não saber ainda o que vai acontecer, deixando apenas alguns reparos à forma como o processo tem sido conduzido. «O presidente tem andado com alguns problemas, que podem ter feito com que não tivesse dito o que era importante. A Federação legitimou-me até ao dia 16, a partir daí seria tomada uma decisão. Se não for eu que venha outro colega que saiba respeitar este grupo de trabalho, que é muito especial e precisa de sensibilidade na sua condução.»

Nas palavras do seleccionador, de qualquer forma, ficou implícito algum desagrado com notícias publicadas nos últimos dias. «Quiseram pôr-me contra os jogadores e os jogadores contra mim, mas os jogadores conhecem-me bem. Foram histórias que começaram a criar o predisposto que se pretendia», assinalou, desmentindo também que tenha salários em atraso. «É completamente mentira. A Federação tem tido connosco um comportamento certinho, religiosamente.» Agostinho deixou também gratidão pelos testemunhos de apoio de vários jogadores.

De qualquer forma, Agostinho Oliveira não dá como certo o facto de o jogo na Suécia ser o último como seleccionador A. «Talvez, se calhar», responde. Se assim for, irá voltar para os sub-21, ou em alternativa o seu futuro passará por uma renovação «dos processos na Federação» que impliquem uma «verticalização» - basicamente, a tarefa de «superintender todo o futebol até à selecção A». Uma alteração cujo objectivo seria «implicar que as estruturas absorvam as personalidades e não que as personalidades absorvam a estrutura».

Contra a intranquilidade

Os acontecimentos dos últimos dias, segundo Agostinho Oliveira, contribuíram para um clima de intranquilidade em redor da selecção. «Se tivessem de alterar algumas circunstâncias que implicam com a direcção do grupo de trabalho que o fizessem posteriormente», disse, num reparo à Federação. «Era precisa muita tranquilidade, que foi abalada por circunstâncias adversas nos últimos dias.»

É nesse contexto que hoje teve uma conversa com os jogadores: «O acto de liderança não pode ser insustentável. Temos de ter um suporte firme e coeso para que se possa ganhar. Se os problemas acontecem em torno dessa situação, e são reforçados por alguma intranquilidade, os jogadores começam a não ver quem está a liderar, independentemente dos objectivos e regras que formos traçando».

É também por isso que não assume a vitória contra a Suécia, como aconteceu frente à Tunísia, como objectivo fundamental. «É momento de estabelecer critérios de continuidade. Não é que os jogadores tenham medo da competição, mas sim para a serenidade do momento.» Daí as palavras antes do jogo com os tunisinos: «O público não ia perceber o que estávamos a fazer e ia exigir de momento o que não podíamos dar».

«Às vezes há algum atraso no entendimento do que é uma estrutura. No jogo com a Inglaterra e no jogo com a Tunísia a resposta da estrutura foi óptima. Faltou rapidez no movimento para o ataque, uma cedência muito mais rápida para a zona de finalização, faltou atrevimento.»

De qualquer forma, o caminho continua a ser seguido no sentido de renovar a selecção para o Euro-2004. «Apesar de estar no cargo apenas por três meses, tinha o dever e a obrigatoriedade de colocar etapas mais longas, para podermos começar a criar garantias do que pretendíamos para o Euro-2004. Deu-se coesão a sectores que era importante melhorar, fizemos mudanças nalguns sectores que estão a mostrar capacidade», resumiu.

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