Portugal-Angola, 5-1 (destaques)

14 nov 2001, 23:26

A cabeça perdida e a oportunidade falhada A cabeça perdida dos jogadores angolanos acabou com o jogo. Perdeu-se assim, também, a oportunidade de ver se os três centrais da equipa portuguesa funcionam, de festejar, de comprovar sem dúvidas a eficácia de Nuno Gomes.

O jogo que não foi

Setenta minutos de jogadores sobre o relvado. Setenta minutos de pontapés numa bola. Nada de futebol, acabado prematuramente depois da expulsão de Asha e de tudo o que aconteceu depois. A celebração de Portugal pela qualificação para o Campeonato do Mundo e o início da preparação da equipa para a competição ficaram adiados, culpa de uma equipa que perdeu a cabeça e o desportivismo. 

Os três centrais

As expulsões na equipa angolana depressa acabaram com o jogo. Aliás, já antes das expulsões Angola mostrava que a sua forma de jogar seria o contra-ataque, que a sua preocupação maior seria defender. Houve, pois, um lance, apenas um, para pôr à prova a defensiva portuguesa. Foi no primeiro minuto. Deu golo. Jorge Andrade saíu a compensar na esquerda, Fernando Couto ficou solto na área, Beto com a marcação a Akwá. Não sobrou ninguém para Mendonça, que, sozinho, marcou. Apenas um lance que faz adivinhar que o sistema terá lacunas graves se os jogadores que fecham nas alas têm a vocação ofensiva de Capucho e, sobretudo, Figo. Oliveira manteve o sistema durante os 70 minutos de jogo - trocando Beto e Couto por Litos e Meira no início da segunda parte -, mas a partir dos 16 ele deixou de estar à prova. 

Nuno Gomes e os outros

Num jogo que não foi, pouco a dizer sobre os jogadores portugueses. Nuno Gomes foi o que melhor aproveitou a oportunidade, marcando dois golos, movimentando-se muito bem, provando que com Pauleta ao lado ganha espaço e mobilidade, que aproveitou da melhor forma. Nota positiva, também, para Jorge Andrade, na sua segunda internacionalização, a fazer esquecer a primeira (derrota por 0-4 em França), com segurança defensiva e um golo, para Paulo Sousa, a gerir o jogo português, e para Boa Morte e Frechaut, que, respectivamente nos flancos esquerdo e direito, entraram muito bem no jogo. 

O árbitro

Pascal Garibian veio de França e nem nos seus maiores pesadelos deve ter imaginado uma coisa assim. A selecção angolana mostrou-se muito faltosa e o árbitro respondeu com apitos duros, ar arrogante e cartões. Em teoria, nada a dizer quanto aos dois amarelos mostrados a Asha e quanto ao vermelho mostrado a Franklim. Mas valeu a pena? Não teria sido melhor, sobretudo no caso do primeiro jogador, cuja expulsão - pouco depois seguida por um penalty - precipitou a perda de cabeça dos angolanos, fazer vista grossa e esperar? O futebol teria saído a ganhar. No caso do penalty, a indicação até é do auxiliar, mas cá de cima, da bancada, não ficaram grandes dúvidas. O lance nem é perigoso - Pauleta vai a fugir para a linha de fundo, na direcção contrária à baliza - mas a verdade é que há falta. A expulsão de Wilson, por protestos, também podia ter sido evitada, a bem do espectáculo. Mas aí já havia pouco a fazer. O árbitro já tinha perdido o controlo do jogo, os angolanos já só queriam ir para casa, como se viu com a falta duríssima de Neto sobre João Tomás, expulsão obrigatória e a pedir um castigo exemplar, como, aliás, toda a selecção angolana. 

Asha

Expulso aos 16 minutos num jogo particular é obra. Com o golo obtido no primeiro minuto a selecção angolana entusiasmou-se. Começou a fazer demasiadas faltas, a pressionar sem sentido as canelas dos jogadores portugueses, e Asha acabou por ser a face visível dessas entradas à margem da lei, numa clara manifestação de inexperiência e imaturidade. 

Franklim

Perdeu a cabeça aos 28 minutos, com uma entrada duríssima sobre João Pinto. Uma verdadeira agressão, assim entendida também pelo árbitro, que lhe mostrou de pronto o cartão vermelho directo. O médio do Belenenses prejudicou o seu futuro e o da sua equipa, numa atitude impensável para um jogador jovem mas que actua há vários anos na I Liga. 

A selecção angolana

Queixas do árbitro. Ok, a expulsão de Asha poderia ter sido evitada. Mas só. O jogador tem responsabilidades, porque também se deveria ter poupado, depois de ver o primeiro amarelo. Depois a equipa não soube dominar-se, perdeu a cabeça e prejudicou-se a si, à selecção portuguesa e aos espectadores. O cúmulo do comportamento anti-desportivo chegou aos 70 minutos, quando o seleccionador Mário Calado pediu a um jogador da sua equipa para simular uma lesão e acabar com o jogo. Bem, mas talvez tenha sido mesmo o melhor...

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