Filipe Oliveira, uma promessa no centro do mundo

12 out 2001, 18:56

Ex-portista de 17 anos joga no Chelsea

Sozinho no centro do mundo, rodeado de oportunidade de sucesso, um jovem de apenas 17 anos surpreendeu nos últimos dias a imprensa desportiva portuguesa pelo simples facto de ter assinado contrato com o Chelsea, um dos clubes de referência em Inglaterra. Jogar no F.C. Porto e ser internacional sub-16 não era suficiente para aparecer. Maisfutebol conta-lhe, agora, a sua verdadeira história. 
 
Filipe Oliveira é, de um momento para o outro, mais um emigrante a ter em atenção. Vive em Londres, mais concretamente no Chelsea Village, um Hotel que integra o Estádio Stamford Bridge, - «em plena Fulham Road» -, longe dos pais, dos tios, da namorada, mas perto de Claudio Rannieri, Jimmy Hasselbaink, Desailly, Zola, Stanic ou Petit. Estrelas do futebol mundial com quem priva todos as manhãs, no centro de estágio.  
 
Nascido em criado em Aveleda (Braga) o extremo-direito diz estar a adorar a experiência em Inglaterra e isso nota-se em cada palavra. Entusiasmado com a oportunidade, cada vez mais vincada, de poder seguir a carreira de futebolista, tem a consciência de que as coisas nem sempre correm bem, por isso já começou a procurar um local onde estudar, pois não deixa de pensar num curso universitário.  
 
De combóio para o treino  
 
Os dias são preenchidos com treinos de manhã e horas vagas à tarde, que aproveita para ouvir música ou visitar a internet. A preocupação em encontrar uma escola e um apartamento obriga-o a calcorrear Londres. Nos primeiros tempos pretende inscrever-se num Instituto de inglês para falar fluentemente a língua local. Não quer é ficar parado. Em Portugal concluiu o 11º ano (área de económico-social) na Escola Secundária D. Maria II, em Braga, e embora não tenha o liceu todo, mantém o sonho de tirar o curso de Administração de Empresas.  
 
O futebol, porém, continua bem no topo das suas prioridades. Assinou um contrato de dois anos, mais três de opção, e definiu como objectivo «atingir o estatuto de profissional ainda este ano ou no próximo». Joga habitualmente ao sábado pelos juniores (a titular) e à quarta-feira pela equipa B (suplente). Como o centro de estágio fica fora da cidade, desloca-se todas as manhãs desde o centro de Londres através de um táxi, aproveitando a boleia de outros atletas ou de combóio, como vai acontecer amanhã, em mais um jogo de juniores.  
 
Henry é o ídolo  
 
Tem-se dado bem. Marcou um golo «mas podia ter marcado muito mais, pois surgiram oportunidades para isso», confessa. Define-se como um extremo-direito, que gosta de «centrar e dar golos», de «rasgar», mudar constantemente de velocidade. Mantém como referência, obviamente, Luís Figo - «porque é o nosso português e um grande jogador» -, porém tenta seguir as pisadas de Henry, avançado francês do Arsenal. «Adorava aproximar-me às suas qualidades. Embora não tenha muita cabeça, é fantástico dentro de campo. Em termos de características físicas também somos muito parecidos, altos, magros e não muito poderosos», confessa.  
 
A filosofia do clube tem sido essencial para a integração. «Há uma maior ligação ao plantel principal e isso é motivador para qualquer um de nós. Ainda hoje estive a falar com o Melchiot (holandês) durante o almoço», comenta, enquanto conta que há alguns dias trocou umas palavras em português com Jimmy durante o duche. No entanto, diz ter maior afinidade com Mark Bosnich, guarda-redes australiano que já jogou no Aston Villa e no Manchester United. «Brincamos muitas vezes, diz-me que não gosta de Portugal e eu digo-lhe que a Austrália fica no fim do mundo. Pergunta-me por Dani (Atlético Madrid), porque jogou contra ele, e o que é que as pessoas pensam dele em Portugal», acrescenta orgulhosamente.  
 
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