Leixões: a estranha meditação de Detinho e Narciso Miranda no treino

2 out 2002, 19:57

No estádio onde joga o PAOK O brasileiro percorreu o relvado, olhando para o chão e para o céu. O presidente meteu-se numa baliza.

Os adeptos do Leixões já deixaram uma imagem de marca no Estádio Toumba, onde amanhã (quinta-feira) a equipa de Matosinhos defronta o PAOK em desafio a contar para a segunda mão da primeira eliminatória da Taça UEFA. «Equipa belíssima, és a nossa fé, força Leixões olé», ouvia-se nas bancadas durante a sessão de adaptação ao relvado e à iluminação artificial. «Presidente, se passarmos, tem de nos oferecer estas boinas», gritava um sócio para José Manuel Teixeira que respondeu com um sorriso nos lábios.

Cerca de 50 simpatizantes portugueses (prevê-se um total de 150 na hora do jogo) deram um toque especial à estrutura obsoleta do recinto grego. Todos traziam um chapéu tipicamente grego e até Narciso Miranda se enquadrou dentro do mesmo espírito. Aliás, curioso foi o comportamento do presidente da câmara junto de uma das balizas, onde esteve perto de três minutos a observar as redes e a certificar-se de que estava em condições para ser usada. Parecia estar a meditar, possivelmente a pedir um milagre ao Senhor de Matosinhos...

O mesmo aconteceu em relação ao avançado Detinho. Antes de o treino começar, palmilhou o relvado de uma ponta à outra e dividiu o olhar entre a relva e o céu. Muito concentrado esteve assim mais de dez minutos, de chinelos de praia calçados e um par de auriculares enfiados nos ouvidos. Na cabeça um lenço negro à pirata, tal e qual as cores do PAOK.

Relva muito alta

As bancadas do Estádio Toumba têm um aspecto gelado e o recinto apresenta visíveis sinais de degradação. O que chama mais à atenção é o aspecto lastimoso da relva, a precisar de ser cortada para facilitar a circulação do esférico. Este é um factor muito temido pelo treinador do Leixões que não se cansou de repetir a ideia durante a conferência de Imprensa, na qual traçou objectivos para a passagem à eliminatória seguinte.

Quando os jogadores do Leixões apuravam o entrosamento em pleno treino, o efeito era imediato: a bola ganhava efeitos perversos, o que dificulta o controlo do esférico a quem está dentro das quatro linhas. Ainda para mais porque o jogo será disputado com a conhecida Fevernova, bola da Adidas, que gerou muita polémica durante o último Campeonato do Mundo, precisamente por desencadear trajectórias inimagináveis.

Este será mais um adversário para a equipa de Matosinhos, cuja vantagem de 2-1 no jogo da primeira mão é falsa como Judas: se o PAOK vencer por 1-0 passa a eliminatória. Mas se empatar 1-1, o caso muda de figura. Por isso, Carlos Carvalhal quer que o Leixões marque golos. Para já, o Leixões está a vencer em termos de entusiasmos. Os adeptos têm muita fé...

Patrocinados