«Não queremos ir a grandes penalidades», avisa Fernando Santos

14 mar 2001, 21:01

Treinador promete F.C. Porto disposto a vencer O F.C. Porto não fará aquilo que o Liverpool fez nas Antas, já que essa não é a sua filosofia. Mesmo que fosse, uma estratégia ultradefensiva não poderia ser utilizada, já que os portistas precisam marcar pelo menos um golo para continuar na Taça UEFA. O técnico falou ao jornalistas portugueses em Anfield Road e prometeu que vai discutir o jogo.

A conversa de sempre, obrigatória e rotineira, a minutos da ambientação a um inferno ainda silencioso. Fernando Santos falava do jogo de amanhã e encolhia os ombros após cada insistência, suspeitando já ter respondido à questão que lhe lançavam. Falaria forçosamente do Liverpool, com passagem igualmente incontornável pelas más exibições para consumo interno, nomeadamente fora das Antas. O F.C. Porto chegou a Inglaterra escassos dois dias depois de um empate em Guimarães que lhe soube a dissabor, face à classificação actual da I Liga, mas assume uma vontade renovada, consentida pelo aliciante de um jogo diferente, europeu e disputado num estádio mítico.  
 
«Vai ser uma partida com características diferentes». O treinador revia a primeira mão em pouco mais de um instante e fixava o 0-0 no pensamento, evitando discursos sinuosos que o pudessem levar à ambiguidade. «Tudo terá de ficar decidido», explicava, certo de que «o Liverpool apresentará uma estratégia diferente e não tentará apenas evitar que o F.C. Porto marque». Fernando Santos reconhecia que está a aguardar dificuldades, mas prometia uma equipa de filosofia intocável, vocacionada para discutir o resultado com os seus próprios argumentos e sem pensar, única e exclusivamente, em anular os do adversário. «Não vamos tentar levar isto para as grande penalidades», garantia, «também queremos resolver a eliminatória nos 90 minutos».  
 
O F.C. Porto terá, portanto, de marcar pelo menos um golo. «É isso que vamos tentar», reforça, «não queremos apenas preocupar-nos em defender». Isso seria decalcar a estratégia que Gerard Houllier concebeu para as Antas e descaracterizar o normal funcionamento da sua equipa. «Não teria muito sentido alterar o modelo de jogo, uma vez que o F.C. Porto joga assim há vários anos. Esta semana, por outro lado, só fizemos um treino de recuperação física, por isso não era concebível mudar a filosofia». Anfield Road que aguarde então por uma equipa de cabeça arejada, disposta a renovar uma imagem desgastada e a prosseguir na Taça UEFA. «O ideal será uma exibição como a dos minutos iniciais em Nantes». Com um desfecho diferente, obviamente. «Era bom que conseguíssemos o resultado do final da primeira parte». O F.C. Porto, recorde-se, vencia por 0-1, já depois de ter silenciado o La Beaujoire.  
 
«Estamos habituados a grande jogos na Europa»  
 
Era altura de dar algum trabalho à tradutora. Fernando Santos responderia a um par de perguntas dos jornalistas ingleses, repetindo aspirações e rejeitando pequenas provocações. «Anfield será uma condicionante? Não me parece. O F.C. Porto é uma equipa de gabarito mundial e está habituado aos grandes jogos», replicava, contendo uma vontade quase explícita de lembrar à plateia as presenças assíduas na Liga dos Campeões, prova que o Liverpool nunca disputou. Importante é completar a motivação natural que os jogadores já revelam. «As competições europeias são mais apelativas e reconheço que a motivação interna já não é a mesma», explica o técnico, aprofundando um tema repetido nos últimos tempos. «O grande problema é recuperar uma equipa com tantos jogos».  
 
Mesmo sem querer alargar-se sobre um cenário que não concebe, Fernando Santos aceita falar sobre uma eventual derrota. «Uma eliminação nunca nos afectará pela negativa, porque esta campanha na Taça UEFA já entrou para a história do clube», assegura, frisando que o F.C. Porto jamais se deixará abalar caso abandone Anfield Road com um desaire. «Equipas como a nossa não podem estar dependentes destas coisas e basta ver que há dois anos saímos da Liga dos Campeões logo em Dezembro e, mesmo assim, acabámos por vencer o campeonato».

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