«É óbvio que gostava de continuar no F.C. Porto», diz Fernando Santos

2 mar 2001, 14:28

Treinador confirma planificação da nova época Fernando Santos voltou a falar aos jornalistas em vésperas de uma competição nacional. A conversa durou cerca de uma hora e passeou por vários temas da actualidade portista, com paragem obrigatória na possível renovação do seu contrato.

Fernando Santos voltou à sala de Imprensa das Antas ao início da tarde. Estava recuperado um hábito abandonado logo no arranque da época. Desde então, o técnico limitou-se a debitar umas quantas respostas após cada partida e antes dos jogos europeus. Trocas de impressões sempre curtas e limitadas ao assunto do dia. Hoje, contudo, voltou a falar abertamente de tudo. Sem temas pré-definidos ou restrições. Durou uma hora, para matar saudades e convencer a assistência que o treinador continua a sentir-se muito bem no clube. 

O treinador torce o nariz se lhe falam de um tabu em torno da renovação e corrige a posição da cadeira. Desconforto? «É apenas uma hipótese», contrapõe, «não posso confirmar nem desmentir». Pinto da Costa disse ontem à TVI que estava já a trabalhar com Fernando Santos na planificação da nova épca o que, por si só, é um indicador. «O presidente sabe a minha posição», assegura, «estamos ambos interessados em engradecer o F.C. Porto». O sorriso seguinte justificava a insistência. Afinal, quer ou não permanecer nas Antas? «Quem é que não gostaria de estar neste clube? É óbvio que gostava de continuar!», replica. A família, caso prorrogue o seu contrato, pode finalmente mudar-se para a Invicta, contribuindo com novo pilar de estabilidade para a sua carreira no Dragão. «Também é uma dedução possível», refere. 

A intermitência exibicional nesta temporada, aliada a um crescente desânimo dos adeptos em relação o técnico que levou os portistas ao histórico penta, parece não interferir na decisão que Fernando Santos diz já ter tomado, mas evita revelar, mesmo que o descuido o leve a assumir, por exemplo, que «o próximo plantel não terá mais de 25 jogadores». «Sinto que a maioria dos sócios tem hoje a mesma opinião sobre mim», prossegue. A sua preocupação central, no entanto, está no interior do próprio clube. «O que me preocupa mais é se a Direcção e os jogadores gostam dos meus métodos». E os resultados? «Claro que se não ganhar dificilmente terei condições para continuar», concorda, lembrando, em contraponto, que o F.C. Porto tem ainda todas as condições para ser campeão. E explica: «Tivemos um período francamente bom que, estranhamente, terminou após a excelente vitória com o Espanhol. No jogo seguinte perdemos em Braga quando até estavamos num bom momento. Depois veio o pior jogo, em Leiria e a equipa acusou alguma quebra». 

Crise, ainda assim, é palavra que já jurou deconhecer. «Depois desse jogo tudo mudou, mas talvez os resultados não tenham traduzido as nossas exibições», lembra. Fernando Santos referia-se aos jogos para a I Liga com Benfica, Belenenses e Paços de Ferreira, desistindo da procura de justificações minutos depois de a ter principiado. «Basta ver o jogo de Nantes. É um exemplo claro. Fizemos 60 minutos de calar o estádio, mas o que se passou depois não tem explicação». Pelo menos a nível técnico. «Tudo o que é do foro psicológico, de facto, não se resolve facilmente». Só com tempo e um pouco de sorte, talvez. 

«Seria anormal se o Farense não quisesse ganhar» 

O próximo adversário do F.C. Porto na I Liga é uma equipa que não se dá nada mal sempre que actua fora de casa. «Vamos ter algumas dificuldades», diz Fernando Santos. «O Farense tem conseguido bastantes pontos como visitante, por isso não vai ser um jogo cómodo». Os métodos dos portistas serão, naturalmente, os de sempre. «Estou convencido de que se tivermos respeito pelo adversário podemos vencer». 

Do Algarve, porém, viajará um conjunto esperançado em aproveitar a tal questão psicológica do F.C. Porto e comprovar que o campeonato está mais equilibrado que nunca. «Seria anormal se não quisessem ganha», concorda o treinador, certo que esta é uma realidade que não é nova. «O futebol agora é mesmo assim. É importante que não se jogue apenas para o empate. Já tinha dito isto mesmo quando os triunfos passaram a valer três pontos». 
 

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