Empresário brasileiro denuncia falsificação de passaportes portugueses

21 out 2000, 13:35

Esquema envolve advogado português Multiplicam-se os casos de jogadores brasileiros que vêm para a Europa com passaportes portugueses falsos. Agora foi a vez de um empresário brasileiro denunciar uma proposta de um advogado português, que lhe garantiu um passaporte para o jogador França em troca de cinco mil e quinhentos contos. As autoridades portugueses e o governo federal brasileiro estão a investigar a situação.

Multiplicam-se os casos de falsificação de passaportes portugueses entre jogadores brasileiros. Agora foi a vez de o empresário Warner Ribeiro denunciar ao jornal «Estado de S. Paulo» uma proposta realizada por um advogado português, que lhe pediu cerca de cinco mil contos em troca da falsificação do passaporte do avançado brasileiro França. 

Warner Ribeiro afirmou ontem (sexta-feira) que há cerca de três meses recebeu uma proposta de um advogado português, do qual não se recorda o nome, segundo a qual através do pagamento de 25 mil dólares (cerca de cinco mil e quinhentos contos) poderia obter em 15 dias um passaporte português para o jogador do São Paulo. 

O empresário, que na época negociava a transferência do atleta para a Fiorentina, admitiu que falou com o advogado português pelo telefone, mas garantiu que, por ser «uma situação ilícita», não aceitou a proposta.  

Warner Ribeiro explicou que o esquema de falsificação de passaportes envolve um funcionário do Ministério da Administração Interna português, já que «eles encontram um parente falso e alguém do Ministério assina em baixo». 

De acordo com o empresário, um passaporte normal custa cerca de 300 dólares (cerca de 66 mil escudos) mas pode demorar mais de seis meses para que todo o processo fique concluído. Ao contrário, o advogado português garantiu que, caso Warner Ribeiro pagasse a quantia exigida, o passaporte do jogador estaria disponível em 15 dias. 

São vários os casos de jogadores brasileiros que vêm jogar para a Europa com passaportes portugueses falsos, já que caso possuam um parente directo português podem ter acesso ao estatuto de cidadão nacional que lhe confere o direito de jogar em qualquer clube da União Europeia como comunitário. 

Um dos casos mais conhecidos é o do jogador Edu, vendido pelo Corinthians ao Arsenal por nove milhões de dólares (1, 9 milhões de contos), que foi interpelado pela polícia inglesa à entrada do aeroporto de Londres já que tentava entrar no país com um passaporte português falso. O jogador foi então obrigado a voltar para o Brasil. 

Governo brasileiro investiga 

Com o crescente número de casos de falsificação de passaportes, o governo federal brasileiro solicitou à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para o Futebol que investigasse todas as situações conhecidas. 

O presidente da CPI, o senador Álvaro Dias, já garantiu que está em contacto com as autoridades portuguesas, adiantando que «a polícia portuguesa está a investigar a rede de falsários, que libera os passaportes». A CPI procura também um dossier português sobre esta matéria. 

De acordo com o senador, o comércio de passaportes portugueses no Brasil está inflaccionado, já que «parece existir uma tabela proporcional ao valor de venda do jogador». Álvaro Dias adiantou ainda que, de acordo com os valores a que teve acesso, «um documento falso pode custar até 300 mil dólares (66 mil contos)». 

Senado cria página na net para investigar futebol 

Na sequência das várias polémicas em torno do futebol brasileiro, a CPI vai criar uma página na internet para receber informações sobre a situação do desporto brasileiro.  

Segundo o «Jornal do Brasil», o relator da CPI, Geraldo Althorff, anunciou que a página estará disponível a partir da próxima semana e tem como objectivo recolher um leque variado de informações sobre o desporto-rei. 

Segundo Geraldo Althorff, a CPI pretende realizar uma investigação aprofundada sobre esta matéria, pelo que ouvirá todos os envolvidos em escândalos relacionados com o futebol brasileiro, bem como o secretário da Receita Federal, Everardo Maciel.

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