F.C. Porto-Salgueiros, 5-1 (crónica)

13 nov 2000, 23:08

Nem vale a Pena discutir O avançado brasileiro voltou a abrir o livro e marcou pelo nono jogo consecutivo no campeonato. Notável. Um derby é sempre um derby e o Salgueiros queria causar sensação. Apareceu nas Antas sem complexos, mas pagou caro essa ambição. O Porto desfilou a sua superioridade e justificou em pleno a goleada. Confirma-se: o líder está sólido e atravessa um bom momento

Azul forte na noite tripeira. O duelo prometia, tinha todos os ingredientes de um bom derby à moda antiga entre dois históricos da Invicta, para mais condimentado com o sal de um Salgueiros surpreendente, que esta época insiste em se manter entre os primeiros da classificação. 

Mas, desta vez, a simpática equipa de Vítor Manuel não teve grandes chances de causar sensação. O azul e branco impôs-se cedo, forte nas cores, dominante na forma como mandou no jogo. Sim. O Porto provou que está bem e recomenda-se: consegue ser eficaz e dar espectáculo, duas qualidades que, hoje em dia, são difíceis de possuir em simultâneo. Passo a passo, jornada a jornada, o conjunto portista vai impondo a sua liderança e dá mostras de ter bagagem para consolidar o avanço. 

Um derby é sempre um derby. Nunca se sabe no que vai dar, pode sempre haver surpresa. O Porto, prudente, sabia disso e entrou em campo disposto a não facilitar. Os pupilos de Fernando Santos sabiam que era crucial marcar cedo, para não dar grande espaço ao adversário de sonhar com uma surpresa. E assim foi. O bom início portista, coroado com o belíssimo golo de Capucho, foi decisivo para a noite tranquila do líder do campeonato. 

O Salgueiros não se assustou com o golo madrugador dos portistas e manteve a sua atitude. Uma atitude positiva, refira-se, nada retraída, e assente na flexibilidade de algumas pedras. Basílio, sobretudo, tentava imprimir alguma mobilidade ao jogo salgueirista, constituindo o «joker» com que Vítor Manuel tentou confundir os portistas.  

Mas a solidez do Porto voltou a chegar e sobrar para as encomendas. Paulinho Santos foi um regresso saudado no meio-campo, tendo sido o homem ideal para fazer esquecer a ausência temporária de Paredes. Lá na frente, o trio do costume voltou a resultar. Drulovic quis repetir a gracinha do jogo com o Alverca e continuou a explorar o corredor direito, através de trocas constantes com Capucho. E depois, claro, depois Pena fez o resto. Aumentou, por exemplo, para 2-0 e encheu o campo de talento e vontade. Virtudes suficientes para compensar a exibição menos conseguida de Deco, que esta noite não conseguiu soltar o seu génio. Acontece.  

Uma nota errada no recital portista 

Tudo parecia correr bem ao Porto. Os dois golos de vantagem ao intervalo davam conta da tranquila superioridade portista, facilitada pela postura aberta e descomplexada do Salgueiros. 

Nada faria, por isso, prever que a equipa salgueirista ainda tivesse uma palavra a dizer em relação ao resultado. O inesperado aconteceu por via de uma assistência inteligente de Edu para João Pedro. Os defesas do Porto confiaram no fora-de-jogo, João Pedro confiou na sua velocidade. Ganhou o salgueirista que, isolado e perfeitamente legal, fez o tento de honra do Salgueiros. 

O jogo parecia relançado. Havia mais de 35 minutos para jogar e a vantagem portista era só de um golo. Apanhado de surpresa com o golo de João Pedro, interessava saber como iria reagir o F.C. Porto. 

E a resposta não podia ter sido melhor. O Porto partiu para a sua melhor fase neste jogo: entendimento entre os sectores, exploração dos espaços concedidos pelo adversário e um claro aumento de produção ofensiva. O resto quase se torna desnecessário contar: as diferenças de andamento e de qualidade vieram ao de cima e o Porto partiu para uma goleada que até podia ter sido mais gorda. 

Na base da ressurreição portista, dois nomes se destacam: Pena, que voltou a bisar e até já igualou o recorde de Jardel ao marcar pela nona vez consecutiva no campeonato; e Drulovic, o extremo jugoslavo que não sabe jogar mal: marcou um excelente golo e deliciou o público com assistências de sonho. O costume. 

O resultado força o Salgueiros a ter que encarar este jogo como um fracasso. Mas há que registar que, ao contrário da maior parte das equipas que vão jogar às Antas, o conjunto de Paranhos não se fechou a sete chaves e sonhou com um final diferente.

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