Jornalistas abandonam G-36

4 abr 2001, 22:10

Acesso vedado à informação e discriminação em causa Os presidentes dos clubes da I e II Liga reuniram-se em Guimarães para discutirem assuntos do futebol. Contrariando o espírito de transparência, priviligiram um repórter e vedaram a informação aos restantes. De qualquer forma, foram aprovadas as alterações aos regulamentos de arbitragem, mas ainda não foi convocada a Assembleia Geral da Liga. As negociações deverão ser concluídas no encontro de Alvalade, que realiza-se a 19 de Abril.

A atitude discriminatória do presidente do V. Guimarães não passou desta vez e os jornalistas presentes no Estádio D. Afonso Henriques para cobrir a reunião do G-36 decidiram tomar uma posição de força, abandonando o local. 

Os vários representantes dos órgãos de comunicação social sentiram-se menosprezados e lesados pela atitude do anfitrião, que decidiu favorecer um repórter de uma estação de rádio nacional e afastar os restantes. Vedando o acesso à informação, a comissão organizadora contrariou o espírito propalado pelos presidentes dos clubes da I e II Liga, que dizem defender uma maior abertura e transparência no futebol. 

O tratamento foi, desde logo, diferenciado das anteriores reuniões (nas Antas e na Luz), onde os jornalistas tiveram total liberdade para abordar os líderes dos clubes na fase anterior, desde que estes acedessem falar. Pois, em Guimarães, a comunicação social foi colocada na parte de fora do Estádio até que os intervenientes entrassem no recinto da reunião, depois de lhes ter sido comunicado que não poderiam falar com ninguém antes do encontro. 

Após as 17h, quando a reunião teve início, os jornalistas foram conduzidos para uma sala de imprensa, onde esperaram até que Pimenta Machado apresentasse as conclusões. Confrontados com o facto de um só repórter ter sido chamado à área de reunião para falar com alguns presidentes, que acabaram por ser coniventes com a situação, os representantes dos órgãos de comunicação social decidiram abandonar o local em sinal de protesto para com essa atitude. 

O único presidente que não pretendeu furar o boicote dos jornalistas à saída da reunião foi João Loureiro, do Boavista, que quando reparou que os órgãos de informação não lhe solicitaram um depoimento, ao contrário do tal repórter, que o estava a abordar nesse momento, decidiu não prestar qualquer declaração. Desde logo, o líder axadrezado, referiu que não desejava ser acusado de falta de solidariedade. 

Aprovadas as alterações ao regulamento de arbitragem 

O encontro do G-36 não teve a presença de todos os clubes, tendo faltado o Farense, Nacional, Santa Clara e Desp. Chaves. Marítimo e Salgueiros chegaram atrasados. 

Dos vários pontos abordados na reunião, que terminou às 21h, o de maior destaque é o que concerne ao novo regulamento de arbitragem, ratificado pelos presidentes, com duas ou três ligeiras alterações. 

Sendo assim, os árbitros passam a poder apitar quatro jogos em casa e quatro jogos fora; vão ser sorteados os jogos e os árbitros, tal como os observadores, que só poderão observar os árbitros uma vez por época. Neste último ponto a votação foi muito renhida, com 17 votos a favor e 16 contra. 

O documento da II Liga não foi discutido e vai passar para a próxima reunião, que terá lugar a 19 de Abril no Estádio de Alvalade. Só depois deste encontro é que vai ser solicitada uma Assembleia Geral da Liga para apresentar todos os pontos em discussão. O documento sobre a criação do Tribunal Desportivo deverá ser mais trabalhado, pelo que foi apenas aflorado. 

A comissão para o estudo do profissionalismo dos árbitros e a definição dos critérios da FPF para a nomeação dos juizes para os jogos da Taça de Portugal foi alargada ao Boavista, Braga e Imortal, que se juntam a Benfica, Alverca, Sporting e Estrela da Amadora.  

Todos estes pontos foram lidos em comunicado por Pimenta Machado, que apresentou-se na sala de imprensa perante quatro jornalistas, que decidiram não boicotar a reunião.

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