Benfica - 40 anos depois de Berna
Os elevados salários auferidos pelos jogadores de futebol é um dos temas mais debatidos da actualidade desportiva. Tal como nos nossos dias, também em 1960 os futebolistas, em especial dos grandes clubes, ganhavam bastante mais que a população em geral, já que tinham um rendimento anual médio de cerca de 200 contos, quando o ordenado médio mensal era de apenas mil escudos.
Os jogadores do Benfica que se sagraram Campeões Europeus na época 1960/61 contavam com um ordenado-base de três mil escudos e prémios de jogo que rondavam os mil escudos semanais.
Se o encontro era considerado «fácil», em caso de vitória cada jogador ganharia mais 900 escudos, mas se se tratasse de um Sporting-Benfica, por exemplo, o prémio poderia chegar aos 2500 escudos. No total, cada jogador poderia ganhar, mensalmente, entre 12 a 14 mil escudos, caso a equipa acumulasse vitórias. Tudo isto, quando um café custava apenas um escudo e vinte centavos...
Mas os grandes lucros chegaram com a Taça dos Campeões Europeus. A passagem da primeira eliminatória, frente aos escoseses do Hearts, rendeu a cada jogador cerca de 5 mil escudos, num prémio que foi aumentado em mil escudos à passagem de mais uma fase.
Com a vitória frente ao Rapid de Viena, já nas meias-finais da prova, cada jogador do Benfica ganhou mais 10 mil escudos, no final das duas mãos. O prémio duplicou com a vitória na final, frente ao Barcelona.
A conquista da Taça dos Campeões Europeus da época 1960-61 valeu aos jogadores do Benfica mais 50 mil escudos à remuneração anual. Uma quantia muito elevada na altura, já que a compra de um automóvel em primeira mão custava... trinta contos.
Em mais um episódio eternizado para a história, conta-se que quando o treinador Bella Guttmann chegou a acordo com o Benfica exigiu no contrato um bónus de 200 contos no caso de levar a equipa à vitória na Taça dos Campeões. Como ninguém acreditava muito nessa possibilidade a exigência foi aceite de olhos fechados...
