Boavista-Marítimo, 0-1 (destaques)

21 mar 2001, 21:53

Paulo Sérgio e Bakero próximos da perfeição O Marítimo fez um jogo seguro e personalizado. Paulo Sérgio e Bakero foram os melhores exemplos dessa atitude, tendo assinado as melhores exibições da noite. Ansioso e trapalhão, o Boavista nunca se encontrou. Que o diga Martelinho, a maior vítima de um relvado nada propenso ao jogo boavisteiro

Paulo Sérgio

Grande parte do êxito dos madeirenses deve-se a este homem. O defesa-central brasileiro fez uma exibição muito eficaz, estando atento a quase todos os pormenores. Tirando um breve período de desconcentração no início da segunda parte, quando tentou alguns alívios traiçoeiros, Paulo Sérgio esteve sempre à altura dos acontecimentos. Quase não deu espaço a Whelliton e Duda, foi corajoso na luta e não hesitou em dar o corpo à bola, mesmo quando esta lhe aparecia mesmo à frente, vinda com grande força. Para completar o ramalhete, marcou o único golo do desafio, por via de um remate potentíssimo, que William não conseguiu travar. 

Bakero

Uma hora em campo e mil pormenores fundamentais para o sucesso madeirense. Aplicou o seu estilo muito próprio, baseado na velocidade e no espírito de luta. Actuou solto, preferencialmente sobre a direita, mas muitas às vezes à esquerda, constituindo com Porfírio uma das unidades da dupla ofensiva do Marítimo. Cedo impôs a sua marca, com incursões individuais de valia, baralhando as contas aos defesas axadrezados. Imaginativo, assinou as melhores jogadas do conjunto madeirense, aproveitando as suas características para surpreender o Boavista no contra-ataque. Foi substituído aos 60 minutos, por Ronaldo, sendo sacrificado pela estratégia de contenção que Nelo Vingada foi forçado a adoptar à medida que o tempo passava. 

Atitude do Marítimo

Os madeirenses têm todo o mérito na forma como conseguiram chegar à final do Jamor. Depois de já terem surpreendido o Paços de Ferreira num dos redutos mais difíceis do país, repetiram a graça agora na casa do líder isolado da I Liga. E fizeram-no de forma categórica. Apareceram sem medo, com dois jogadores soltos no ataque e um meio-campo mesclado entre unidades de contenção (Bruno) e jogadores mais criativos (Iliev e Mariano, sobretudo). Nunca se fecharam demasiado, assumiram o contra-ataque como modo de afirmação e... resultou. Com um relvado quase impraticável, o Marítimo sabia que o Boavista ia ter muitas dificuldades para jogar como mais gosta: pelas alas, de uma forma pressionante. Mesmo depois de estar em vantagem, a equipa madeirense não esqueceu o contra-ataque e até podia ter aumentado a diferença. Só mesmo depois da expulsão de Joel, Nelo Vingada optou pela retranca. Aí, o pragmatismo falou mais alto e acabou por chegar para passar. Contas feitas, a passagem ao Jamor quase garante a entrada nas competições europeias da próxima época. Quem diria? 

Martelinho

Uma das desilusões da noite. Aquele que tem sido o jogador mais perigoso do Boavista nos últimos jogos, foi neste encontro uma unidade sem chama e quase nada ameaçadora. É certo que o relvado não estava nada à sua medida. Pesada e muito, muito molhada, a relva impedia que a bola circulasse, travando os movimentos ao extremo boavisteiro. Quem costuma ver os jogos do Boavista já sabe como é, Martelinho gosta de meter o turbo e fazer uso da sua velocidade para levar a melhor sobre os defesas contrários. Nada disso aconteceu esta noite, também por mérito das unidades madeirenses mais encostadas à esquerda, mas também por alguma culpa do boavisteiro. Se o campo não deixava jogar em velocidade, era preciso encontrar alternativas. Será que Martelinho as tem? 

William

O guarda-redes camaronês, que em tempos já assinou grandes defesas, voltou a baquear quando teve oportunidade de mostrar o seu valor. Ricardo tem estado muito bem, parece segura a sua titularidade no campeonato, e William tinha esta noite a sua chance de provar que merecia mais chamadas ao onze. A questão é que, tal como já tinha acontecido noutras ocasiões, William acusou um ou dois momentos de desconcentração que foram fatais para a equipa. O principal deles foi o lance do golo. O guarda-redes do Boavista está mal posicionado e, perante o remate colocado de Paulo Sérgio, não chega a tempo de corrigir o erro.

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