Penafiel-Boavista, 0-1 (destaques): Frente de baixas pressões

18 jul 2001, 22:56

Máquina continua emperrada

Glauber, o único intruso numa equipa de campeões, está bastante distante do fulgor que incendiou a Mata Real. Ainda assim, é a aposta prioritária para a vaga até agora monopolizada por Rui Bento e ninguém duvida de que tem todas as condições para garantir o mesmo rendimento pressionante num meio-campo que ainda carbora em rotações baixíssimas. Pedro Santos e Geraldo, teoricamente alternativas para Sanchez e Petit, indiscutíveis na campanha anterior, quiseram apressar o jogo ofensivo, buscando Jorge Couto e Martelinho junto às laterais, precisamente no instante seguinte à conquista da bola na batalha que se gerava no centro do relvado. Não principiaram bem, é verdade, mas foram subindo ligeiramente de produção à medida que o relógio avançava para o intervalo. 

Solidez defensiva à parte (Frechaut, Jorge Silva, Pedro Emanuel e Erivan limitaram-se a cumprir), a arma mais decisiva do Boavista que se fez campeão foi a pressão asfixiante aos criadores adversários. Quem defrontava a equipa de Pacheco sabia que não podia facilitar nas trocas de bola e estava condenado a falhar pelo menos uma vez, consentindo que alguém vestido de branco e preto decidisse. Para já, todavia, esta pressão ainda não ganha jogos, por isso Silva, ou qualquer que seja o ponta-de-lança, tem de vir muito atrás para pegar ele próprio no jogo e tentar furar, em corridas solitárias ou tabelas com os extremos. Esta noite, durante os minutos que jogou, o brasileiro foi o melhor da sua equipa. Rematou um par de vezes, teria marcado caso Sérgio Leite não estivesse muito atento, e deu bastante que fazer a uns defesas que não tiveram qualquer problema em jogar duro se isso bastasse para anular quem marcavam. 

Após o descanso, o treinador axadrezado apostou num onze completamente diferente, composto essencialmente por reforços para uma época que se prevê exigente. Braima jogou a defesa-esquerdo, claramente num teste à sua polivalência e esteve sempre bastante atento, especialmente se pensarmos que teve de dialogar várias vezes com Marco Almeida, um internacional sub-21 em quem os penafidelenses depositam muitas esperanças. O entrosamento boavisteiro ainda deixa muito a desejar e o registo da segunda metade resume-se a um par de pormenores de Pedrosa e Gouveia, esquerdinos num meio-campo demasiado pequeno para os dois. O primeiro, no entanto, ainda tem a atenuante de ter marcado o único golo da noite, num tiro de 35 metros. Serginho, Márcio Santos e Alex Goulart correram bastante, isso ninguém pode negar, mas raramente se entenderam. As combinações telepáticas, de resto, só serão exigíveis um pouco mais adiante, quando os compromissos já forem a doer.

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