Moreirense-Rio Ave, 1-0 (crónica)

17 ago 2003, 20:03

Lito estreou-se a marcar na Superliga e já deu três pontos Lito estreou-se a marcar na Superliga e já deu três pontos ao Moreirense.

Moreirense e Rio Ave estrearam-se esta tarde na Superliga 2003-04, num primeiro despique demasiado «verde», pelo cromático dos dois emblemas, mas particularmente pelo futebol que não foi capaz de ser desenvolvido pela formação vilacondense, que actuou de roxo, deixando uma imagem pálida. O jogo começou tenso, com chances apenas para a formação local.

Jogar bem às vezes é raro e hoje apenas existiu uma equipa na primeira parte: o Moreirense. E se estes primeiros encontros costumam funcionar como uma incógnita quanto ao desfecho, este desafio inaugural cedo mostrou a marca do mais forte, no primeiro «combate» a sério. Nem três anos de ausência do principal escalão do futebol luso foram capazes de motivar um Rio Ave que teve um regresso pouco auspicioso à Superliga, depois de há poucas semanas ter vencido o Moreirense na condição de visitante por um expressivo 3-0, mas em jogo particular. A formação de Vila do Conde conhecia a sensação de ganhar no Estádio Comendador Joaquim de Almeida Freitas, mas depressa a desaprendeu. Não provou ser uma equipa com dinâmica ofensiva, optando por uma estratégia mais discreta, assente num contra-ataque a conta-gotas.

Os minutos de jogo ardiam e não havia a rapidez desejada no visitante, algo expectante, enquanto o Moreirense flanqueava o jogo de forma vistosa e com qualidade no passe, usando o habitual 4x3x3. Estavam em disputa os primeiros três pontos deste campeonato, mas os jogadores orientados por Carlos Brito, continuavam de alma vazia e despreocupada, perante alguma estupefacção causada a quem assistia nas bancadas. Os locais tinham ambições próprias e desejos inabaláveis: vencer, através do crer, raça e empenho, contudo a inteligência é precisa em certos períodos como sucedeu esta tarde, quando a equipa foi capaz de ganhar a zona territorial do meio-campo, com os flancos a serem conquistados.

Golo no período de algum equilíbrio

Como é que o Rio Ave podia actuar desta forma? Carlos Brito revia a estratégia instantes antes de a fazer funcionar e recordava-a aos jogadores no início da segunda parte, garantindo que nada podia ser alterado pelo simples facto de o adversário parecer mais entrosado, imparável e em crescendo. As entradas providenciais de Vandinho e Jacques para o meio-campo foram capazes de trazer maior equilíbrio ao encontro, mas o Rio Ave nunca escondeu que vivia no limiar da falência de ideias ofensivas. A grande pecha situou-se nas saídas para o contra-golpe e na finalização. A equipa não tinha hipóteses de sobrevivência, mantendo-se presa de movimentos, como que atada nos próprios receios. Não tinha preparado bem o método e Carlos Brito já não podia reagir.

O Moreirense quebrou em determinados momentos fulcrais da segunda parte e o rendimento baixou de forma repentina, até Machado refrescar o ataque com as entradas de Lito e Manoel, subtraindo ao jogo Vítor Pereira e Demétrios, com Lima a ceder o seu lugar mais tarde a Emerson. O Moreirense assumia um jogo de risco, voltado para o ataque, pois só assim, com o desejo público de surpreender, poderia entrar a vencer na Superliga. O único golo do encontro surgiria a dez minutos do final, após «Valente fífia» do «central» vilacondense já perto da pequena área, com Lito a aproveitar a «oferta», perante a incredulidade de Candeias. Valente personificou o descrédito da sua equipa, apesar de ter enviado a bola à barra no instante final do encontro, após um cruzamento bombeado. Foi por querer?

O Moreirense venceu pela inteligência, pela habilidade e até pela sorte, mas nunca sem trabalho. Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho, de preferência com sobressaltos e com festejos tardios que enervam os adeptos, mas já são habituais neste estádio, enquanto o Rio Ave fez uma espécie de sessão de treino de aperfeiçoamento do colectivo. Para a memória futura fica este 1-0 a favor do Moreirense, completamente justo.

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