Euro 2004, apurados (VI): Suécia, de recorde em recorde

13 out 2003, 20:19

27 jogos de qualificação sem perder, até aparecer a Letónia Nórdicos estiveram 27 jogos de qualificação sem perder, até aparecer a Letónia na última jornada.

A Suécia é um dos países que não partem como favoritos ao título europeu em Portugal. Mas parte isso sim com um recorde interno: pela primeira vez qualificaram-se para um terceiro torneio consecutivo, depois do Euro 2000 nos Países Baixos e do Mundial 2002, na Coreia do Sul e no Japão. O duo de seleccionadores formado por Tommy Soderberg e Lars Lagerback tem muitos motivos para festejar.

Num grupo (4) aparentemente fácil, os nórdicos garantiram a primeira posição, à frente da surpreendente Letónia, da Polónia e da Hungria, e da modesta equipa de São Marino. Após um início difícil, dois empates, na Letónia e em casa frente à Hungria, os suecos realizaram uma excelente segunda volta, durante a qual contabilizaram por vitórias todos os jogos, excepto o último, quando já tinham a qualificação directa garantida, frente à Letónia (0-1).

Esta derrota final parou outro recorde desta selecção: 27 jogos de qualificação sem conhecer a derrota, desde 1997. Os dois treinadores, em funções desde o ano seguinte, optaram por mexer muito pouco na equipa desde o Mundial. É certo que alguns jogadores foram saindo do lote dos eleitos, sobretudo Henrik Larsson, que apenas fez um jogo da fase de qualificação, quando a «equipa estava em crise», depois de ter garantido que abandonava a selecção após o Campeonato do Mundo. Outras figuras foram também aparecendo e confirmando o seu valor, casos de Zlatan Ibrahimovic, Mattias Jonson, Erik Edman e Nilsson.

No banco, Lagerback é considerado o homem da táctica, enquanto Soderberg, que treinou os sub-21 durante três anos antes de se tornar o seleccionador dos AA, terá como missão a gestão do grupo e a motivação das pedras da equipa. Os técnicos teimaram nas opções e optaram por ir alternando titulares com habituais reservas de acordo com o momento de forma de cada um. Assim se justifica a quebra de Ibrahimovic, uma das grandes promessas do futebol sueco, e a entrada em grande de Mattias Jonson. O mesmo aconteceu em outros sectores, como no meio-campo, onde foram utilizados onze jogadores nas quatro habituais posições. Na defesa, é que não se mexeu muito. A dificuldade em encontrar laterais desapareceu com a afirmação de Lucic e Edman. Isaksson, na baliza, apenas perdeu o lugar no primeiro jogo para Magnus Hedman.

Se no Euro 2000, a Suécia não passou da fase de grupos, a vitória no «grupo da morte» (Argentina, Inglaterra e Nigéria) e a chegada aos oitavos-de-final no Campeonato do Mundo («golo de ouro» do Senegal ditou o afastamento) perspectivam uma subida qualitativa da equipa, confirmada por este apuramento directo. O seu futebol continua objectivo, mas também perdeu alguma da sua ambição e capacidade de surpreender na frente desde a saída de Henrik Larsson. Jonson é apenas uma grande esperança, Ibrahimovic ainda não explodiu e Allback é, aparentemente, o único que dá solidez (e golos com regularidade) ao ataque. Por isso, a Suécia está hoje mais perto da ideia pré-concebida do futebol-força do que há uns anos. Continua a sofrer poucos golos e, por norma, também marca poucos. É sobretudo uma equipa sólida e bem organizada.

Tudo somado, é uma incógnita o que esta Suécia poderá fazer no Euro 2004. Não estando no topo do Velho Continente, não se esperam títulos. Mas o trabalho de Lagerback e Sodernberg está a dar frutos...

EQUIPA-TIPO: Isaksson; Lucic, Mellberg, Michael Svensson e Edman; Andreas Jakobson, Anders Svensson, Kim Kallstrom e Ljunberg; Allback e Mattias Jonson.

Outras opções: Antonelius (defesa), Nilsson, Mjallby e Andreas Johansson (médios), Ibrahimovic e Andreas Andersson (avançados).

GOLEADORES: Allback, 5 golos; Jonson, 4; Ibrahimovic; 3; Anders Svensson, 2; Nilsson, Mellberg, Ljunberg, Jakobson e Kallstrom, 1.

Palmarès:

Alemanha - 3 títulos (1996, 1980, 1972), dois segundos lugares (1992 e 1976), um terceiro (1988);

França - 2 títulos (2000 e 1984) e um terceiro lugar (1996);

URSS - 1 título (1960) e três segundos lugares (1988, 1972 e 1964)

Checoslováquia/Rep. Checa - 1 título (1976), um segundo lugar (1996) e dois terceiros (1980 e 1960);

Espanha - 1 título (1964) e um segundo lugar (1984)

Holanda - 1 título (1988) e dois terceiros lugares (2000 e 1976);

Dinamarca - 1 título (1992) e um terceiro lugar (1984);

Itália - 1 título (1968) e um terceiro lugar (1988);

Jugoslávia - dois segundos lugares (1968 e 1960);

Bélgica - um segundo lugar (1980) e um terceiro (1972);

Inglaterra - três terceiros lugares (1996, 1992 e 1968);

Portugal - dois terceiros lugares (2000 e 1984);

Suécia - um terceiro lugar (1992);

Hungria - um terceiro lugar (1964).

Nota: a partir de 1984, inclusive, deixou de haver jogo de atribuição dos terceiros e quartos classificados.

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