"Foi o voto mais caro da nossa vida". Portugueses no Catar pagam mais de cem euros para conseguir votar

10 mar, 16:27
Votos Catar (DR)

 

 

 

Informação disponível no panfleto que acompanha o boletim de voto, "o envelope NÃO necessita de selo, tem porte pago em Portugal", esclarecimento que está também disponível no site da Comissão Nacional de Eleições

Os votos dos portugueses a viver no Catar podem não ser contabilizados nas eleições legislativas porque vão chegar depois da data limite para a receção dos votos por via postal, o dia 20 de março.

Sebastião Bastos, Ricardo Martins e Pedro Oliveira contam à CNN Portugal que, este domingo, quando tentaram enviar os votos que levantaram nos correios do Catar, foram informados que, se os enviassem hoje não chegariam em tempo útil e que tinham de pagar o envio porque "não existe algum tipo de acordo bilateral de correio pago entre Portugal e Catar".

De acordo com a informação disponível no panfleto que acompanha o boletim de voto, "o envelope NÃO necessita de selo, tem porte pago em Portugal", esclarecimento que está também disponível no site da Comissão Nacional de Eleições.

Para além de terem de pagar para enviar o voto, os três portugueses tiveram também de pagar (15 QAR, 3,80 euros) para levantar o boletim de voto, um custo para o qual a Embaixada de Doha alertava no Facebook. Caso enviassem pelos correios nacionais - Qatar Post - teriam de pagar 45 riais catarenses, cerca de 11,30 euros, mas os correios do Catar não garantiam que os votos chegavam em dez dias, a tempo de contarem para as eleições deste domingo. 

"Para votar, temos de pagar e os correios não garantem que chegue até ao dia 20 de março, mas sim até dia 30. Ou seja, demora 20 dias e não dez. Todas as pessoas que votaram ontem ou hoje no Catar, por correio, correm o risco de verem os votos anulados. A Embaixada, que nos disse que podíamos votar a 9 ou a 10, diz que não pode fazer nada para garantir que os votos chegam a tempo", afirmam ao telefone desde o Catar.

Sem garantias de que os votos chegariam a tempo de serem contabilizados "e para descargo de consciência", Sebastião Bastos, Ricardo Martins e Pedro Oliveira decidiram "ir a uma empresa privada".

"Para que o voto chegasse a tempo, os portugueses aqui tinham de votar em fevereiro. Todos os portugueses que foram enviar os votos este fim de semana pelos Qatar Post correm o risco dos votos não chegarem a tempo. Nós, por descargo de consciência vamos ter de ir a uma empresa privada para garantir que os nossos votos chegam a tempo", revelam.

Portugueses recorrem a empresa privada para enviar votos (DR)

Os três portugueses acabaram por pagar "434 rial catarenses a dividir por 3", ou seja, 108,90 euros a dividir por três, o que dá cerca de 36,30 euros. No total, entre levantar e enviar os votos, a despesa foi de 40,10 euros para três portugueses.

"Enviamos os três votos no mesmo envelope, na DHL e ficou esse preço. Mas se uma pessoa sozinha enviar o envelope por DHL tem que pagar isso 434 rials sozinha, ou seja, no total (levantar e enviar), dava 120 euros", criticam. "Foi o voto mais caro da nossa vida".

A CNN Portugal contactou a Comissão Nacional de Eleições, mas até ao momento desconhecem a situação e estão a averiguar o caso. Os votos enviados por uma empresa podem não ser contabilizados.

Partidos

Mais Partidos

Patrocinados