Fernando Santos pede «entrega total»

10 mar 2001, 15:10

F.C. Porto prepara jogo em Guimarães Fernando Santos fala de um adversário moralizado e do mau tempo para sintetizar as dificuldades que o F.C. Porto sentirá em Guimarães. Pelo meio, reserva ainda uns minutos para voltar a defender Chainho, que garante ser «criticado injustamente».

Fernando Santos voltou recentemente a falar na sala de Imprensa e tomou-lhe o gosto. Os jornalistas agradecem e registam opiniões de sempre e atitudes renovadas, provas semanais de uma capacidade para conversar que estava quase esquecida. O motivo era apenas isso mesmo, um motivo. O aviso, na voz do assessor, limitava a troca de impressões ao jogo com o Guimarães, mas não condicionava o ritmo espontâneo desencadeado no instante seguinte à primeira pergunta. 

Falaria essencialmente de futebol, avançando opiniões pessoais, aceitando as contrárias, mesmo que contraditórias, mas elevando sempre o mesmo fim, um único objectivo: o F.C. Porto. «Estamos numa fase muito exigente em termos físicos», principiava, mirando por segundos o cinzento que dominava do lado de lá da janela. «Seria preferível outras condições de tempo, mas isso não nos pode servir de desculpa», esclarecia. Será, quando muito, uma condicionante. «Não tenho dúvidas que a chuva tem tido influência, contudo é apenas uma constatação». 

O tema era abrangente e motivava uma análise ao momento do F.C. Porto. Fernando Santos enumerava cada uma das dificuldades, mas recusava atribuir-lhes culpas em eventuais maus resultados. «As lesões também são sempre uma contrariedade», assumia assim que alguém lhe recordava os problemas físicos recentes de Jorge Costa e Esquerdinha. «É óbvio que é melhor ter todo plantel a cem por cento, mas também nos podemos desculpar com isso», insistia, avisando desde já que as eventuais alterações na equipa que apresentará no Estádio D. Afonso Henriques não serão motivadas por imposições do calendário. «Tudo aquilo que possa fazer não será para condicionar a equipa por causa do jogo com o Liverpool. Essa é outra partida e outra competição. Para já só nos preocupa este jogo da I Liga». 

Era então altura de analisar o Guimarães. «Vamos encontrar um adversário difícil». Fernando Santos assumia-o sem rodeios, dispensando a classificação. «O estádio fica com alguns problemas quando há muita chuva, por isso vai ser um jogo muito musculado que exigirá entrega total», avançava. «O adversário vem de um resultado positivo fora de casa e será o primeiro encontro do novo treinador em sua casa, por isso vão apresentar-se moralizados». Por tudo isto, o técnico do F.C. Porto já avisou os seus jogadores. «Disse-lhes claramente que têm de dar mais importância aos aspectos físicos e deixar um pouco para segundo plano os técnicos». Esta, de resto, terá de ser a realidade de uma equipa com jogos constantes, separados por pouco mais de dois dias, quase sempre desgastantes em termos físicos e psicológicos. «Creio que tantos jogos prejudicam o F.C. Porto e o público. Não conseguimos treinar para melhorar. O que fazemos neste momento é manutenção física. Mas, reforço, também isto não é desculpa, caso contrário a minha equipa teria abdicado de algumas das competições em que ainda está envolvida». 

«Chainho é criticado injustamente» 

Sugeria-se, para terminar, o assunto que Chainho recuperou logo após o jogo com o Liverpool. O médio criticou quem o critica habitualmente, dizendo-se injustiçado. Fernando Santos parece concordar com o futebolista que trouxe consigo quando deixou a Amadora a caminho das Antas. «Foi um desabafo, mas já disse várias vezes que ele é muitas vezes criticado injustamente. Há pessoas que falam muito de futebol sem ter condições para o fazer». 

O treinador não acredita que as críticas a Chainho tenham como fim pôr em causa as suas opções. «A mim não me afecta rigorosamente nada», replica, «sei exactamente aquilo que ele vale e isso é que importante». 

Estava encerrada a conferência. Fernando Santos levantava-se e acendia um cigarro. A conversa, em tom ameno, continuaria. O técnico está falador e prontifica-se a falar de futebol. Como mais gosta. Num âmbito protegido pela arma defensiva a que chamam off the record.

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