Belenenses-Santa Clara, 1-1 (crónica)

6 jan 2002, 17:49

Os diferentes tons dos azuis do Restelo O Belenenses desperdiçou a oportunidade de ultrapassar o Benfica na tabela classificativa e ascender à quinta posição ao empatar no Restelo com o Santa Clara.

O Belenenses desperdiçou esta tarde a oportunidade de ultrapassar o Benfica na tabela classificativa e ascender à quinta posição ao ceder um empate (1-1), no Estádio do Restelo, frente ao Santa Clara. Os azuis entraram em campo a transbordar de ansiedade que se tornou explosiva após o golo do Santa Clara. Só no segundo tempo é que a equipa de Marinho Peres conseguiu tomar conta do jogo, mas, nessa altura, os açoreanos de Manuel Fernandos já estavam precavidos. 

A equipa do Restelo entrou em campo com o seu esquema habitual, com os recentes reforços sentados no banco de suplentes, e Bruno Fernandes no lugar de Pedro Henriques no lado esquerdo da defesa. A ansiedade fez-se notar nos primeiros minutos, com os azuis a entornarem o seu jogo para a direita, com Lito e Seba em destaque, a procurarem tirar partido da pouca velocidade do veterano Leal. César Peixoto foi arrastado para o centro deixando um enorme vazio na esquerda. 

O Santa Clara adaptou-se quase instantanemente ao desequilibrio que era bem visível no campo. Portela, sem ninguém pela frente, passou a actuar como terceiro central, permitindo que Sérgio Nunes socorresse Leal na direita. Miner e Toñito tomaram conta do flanco direito e, com apenas Bruno Fernandes pela frente, o espanhol teve rédea livre para o seu arsenal técnico. Vítor Vieira, inicialmente na esquerda, recolocou-se no centro do terreno, assumindo o papel de maestro e lançando Morales e Toñito para rápidos contra-ataques. 

A disposição inicial dos esquemas das duas equipas permitiu depreender que o Belenenses estava a arriscar em demasia como ficou comprovado aos 8 minutos quando Vítor Vieira, com um longo lançamento, isolou Toñito na esquerda. O espanhol teve tempo para tudo. Controlou a bola e, feito forcado, chamou a si Marco Aurélio. O guarda-redes brasileiro correspondeu e quando reparou no erro era tarde demais. Morales apareceu nas suas costas para empurrar a bola para as suas redes. Nada melhor para apadrinhar a estreia do avançado espanhol na I Liga. 

A ansiedade do Belenenses transbordou e os azuis perderam a cabeça passando a actuar com o coração nas mãos e com a pressa a coordenar todas as suas acções. Sucederam-se uma série de maus passes e mau futebol. Salvou-se apenas um estrondoso remate de Bruno Fernandes ao poste. Faltavam ainda muitos minutos, mas a equipa do Restelo parecia estar a jogar os últimos segundos de uma decisiva final. Os erros foram cometidos em catadupa, sem que ninguém parasse para reflectir. O Santa Clara, evidentemente, procurou tirar partido da situação, passando a jogar em contra-ataque. Até ao final do primeiro tempo, as melhores oportunidades pertenceram aos açoreanos, muito bem organizados em campo. 

Lito e Seba viram o jogo 

Impunham-se alterações no Belenenses em depois do intervalo, assim foi. Marinho Peres prescindiu de Rui Duarte, cuja presença praticamente não se notou em campo, para apostar no avançado Djalmir, recente refoço que chegou para colmatar a saída de José Afonso. Lito passou a assumir todo o flanco direito, permitindo que Seba ficasse livre para outras funções. O Belenenses começava finalmente a pensar no jogo. Pouco a pouco foi remetendo o adversário para a sua área e rodeou-o à procura da desejada estocada. O Santa Clara já aguardava, naturalmente, por uma reacção do adversário e fechou-se em copas, à espera que a ansiedade dos minutos voltasse a armadilhar o futebol dos azuis. 

Seba foi dos mais benificiados com as alterações, passando a contar com rédea livre na área açoreana. O avançado espanhol recorreu à técnica para entrar na fortificada área de Fernando e só foi travado com um toque de Leal no seu pé de apoio. José Pratas não teve dúvidas e apontou para a marca de castigo máximo que César Peixoto converteu de forma irrepreensível. O Belenenses recuperou o apoio do público que tinha perdido no decorrer do primeiro tempo e manteve a pressão sobre o adversário que agora apostava tudo no contra-ataque com Toñito a destacar-se como o homem mais adiantado. O Santa Clara procurou sacudir a pressão e acabou por consegui-lo, levando a partida para uma guerra no centro do terreno que se arrastou até final com poucas oportunidades de uma das equipas chegar à vantagem. 

Marinho Peres falhou assim o seu objectivo de atingir os 30 pontos que alcançou a época passada no final da primeira volta e desperdiçou a oportunidade de galvanizar a sua equipa com a ascenção ao quinto lugar. Manuel Fernandes continua a realizar um excelente campeonato e já não perde desde a visita à Luz à 13ª jornada.

Patrocinados