Campomaiorense-Belenenses, 0-1 (crónica)

5 nov 2000, 18:48

Contra-ataque perfeito contra caos táctico O Campomaiorense foi uma aberração nos primeiros 20 minutos, um monstro táctico criado por Carlos Manuel, e o contra-ataque do Belenenses matou o jogo. É certo que os azuis só marcaram uma vez, mas perante uma ineficácia ofensiva gritante do adversário adivinhava-se que um golo seria suficiente para vencer o encontro.

Eliel e uma onda de contra-ataques destroçaram o Campomaiorense nos primeiros vinte minutos de jogo. O Belenenses entrou de rompante, marcou aos sete minutos, na primeira oportunidade que teve, aproveitou o caos táctico do adversário para criar mais duas ocasiões soberanas e descansou. 

O resultado estava feito. Os minutos passavam e cada vez era mais evidente que o Campomaiorense não iria conseguir chegar ao golo. A ineficácia do meio-campo alentejano, sem um patrão, sem alguém que pensasse o jogo, era aflitiva. 

A equipa de Carlos Manuel deixou de ser, aos 20 minutos, uma aberração, para passar a ser, simplesmente, inofensiva. O Campomaiorense entrou em campo com uma estrutura táctica desequilibradíssima, com defesa-esquerdo mas sem lateral-direito - Torrão era médio, fazia o flanco, deveria acompanhar Verona, mas raramente o fez. Jorginho, extremo-direito, acompanhava muitas vezes Ristic no meio. Laelson atacava do lado esquerdo, Miguel Vaz, preso por Guga, não subia. Carlos Manuel pretenderia uma equipa flexível, criou em vez disso um monstro que o Belenenses explorou na perfeição. 

Os contra-ataques surgiam velozes e perfeitos. Os médios tabelavam com os avançados e corriam nas costas dos defesas. Eliel isolava companheiros e aos sete minutos, na sequência de um canto, fez o único golo do jogo. À segunda, com um pontapé fortíssimo, bateu Paulo Sérgio. Lito e Fábio falharam oportunidades soberanas e depois disso o jogo caiu. 

O Campomaiorense acertou um pouco mais na defensiva e o Belenenses ficou com menos espaços para atacar. Do outro lado, as ofensivas alentejanas morriam na defesa azul. Foi preciso esperar pelos 44 minutos de jogo para ver o primeiro remate dos locais - e de bola parada, sem qualquer perigo. Segundos depois, enfim, uma oportunidade para Laelson, depois de jogada de Jorginho. O remate saiu ao lado. 

No segundo tempo o Campomaiorense atacou mais - porque o Belenenses recuou um pouco. O perigo, no entanto, era escasso. Ristic, aos 52 minutos, obrigou à primeira defesa de Marco Aurélio, e aquela que se viria a revelar a mais apertada. Pouco mérito, no entanto, para o ponta-de-lança. Falar em remate é exagero, a bola bateu no croata e dirigiu-se à baliza. 

Torrão cria a melhor oportunidade do Campomaiorense, mas atira ao lado de fora do poste, e a ideia de que os alentejanos poderão chegar ao empate só surge, verdadeiramente, depois da ingénua expulsão de Verona. O brasileiro, provocado por Cau, agride o adversário com uma cotovelada. 

O Belenenses joga o último quarto de hora com apenas 10 jogadores e reforça o centro da defesa, fazendo entrar Gerson para manter superioridade numérica lá atrás, depois da entrada de Constantino. Os alentejanos atacam mais mas a melhor oportunidade pertence a Cafu, que desperdiça na frente de Paulo Sérgio. 

O final chega de forma previsível, com o Campomaiorense na área adversária, mas a proximidade da baliza não é sinónimo de futebol ou de goloa. O Belenenses, só pela lição de contra-ataque dos primeiros 20 minutos, mereceu a vitória.

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