Fundo do BCP “desaloja” Vodafone do edifício Vodafone no Porto

ECO - Parceiro CNN Portugal , António Larguesa e Ana Petronilho
19 dez 2023, 07:54
Edifício Vodafone na Avenida da Boavista (ECO)

Vodafone abandona famoso edifício na Boavista em conflito com o proprietário (fundo AF Portfólio Imobiliário do BCP), que se recusou a fazer obras na fachada, e muda escritórios para o Nó de Francos.

A Vodafone vai abandonar no início do próximo ano o famoso Edifício Vodafone na Avenida da Boavista, inaugurado há quase 15 anos para concentrar os serviços que até então estavam dispersos por quatro locais da cidade do Porto — e que, além de uma mega loja no piso térreo, conta com quatro pisos de escritórios com capacidade para cerca de 240 postos de trabalho. A saída acontece, sabe o ECO, no seguimento de um conflito entre a empresa e o proprietário do edifício — o fundo AF Portfólio Imobiliário, gerido pela Interfundos do Millennium BCP –, provocado pela falta de obras de fundo na fachada.

Contactada pelo ECO, fonte da Vodafone Portugal confirmou que, a partir de janeiro de 2024, deixará de ocupar o espaço de escritórios, assim como a loja que ocupa também desde 2009 neste imóvel com 19 metros de altura e uma área total de cerca de 7.600 metros quadrados, justificando que “esta decisão deve-se a não ter sido possível chegar a acordo com o proprietário em relação às condições de permanência no imóvel”.

Esta decisão deve-se a não ter sido possível chegar a acordo com o proprietário em relação às condições de permanência no imóvel. -Fonte da Vodafone Portugal

Construído em dois lotes de terreno na confluência da Avenida da Boavista com a Rua Correia de Sá, o investimento no edifício foi calculado, à época, em 13,4 milhões de euros e arrecadou vários prémios de Arquitetura. Atualmente, o imóvel está avaliado em cerca de 11,5 milhões.

O Millennium BCP recusou comentar o assunto. Mas o ECO sabe que há vários meses que a Vodafone está em conflito com o fundo do banco liderado por Miguel Maya, que se recusa a fazer obras de fundo na fachada do imóvel, que se encontra em estado degradado e com infiltrações. Esta mudança acontece ainda numa altura em que o valor das rendas, a partir de janeiro de 2024, é atualizado em 6,94%.

O Edifício Vodafone na Avenida da Boavista (Porto) foi inaugurado em outubro de 2009 (ECO)

O chamado Edifício Vodafone demorou dois anos a ser construído. Há duas décadas, o projeto foi escolhido por um júri composto pela administração da empresa, por representantes da Câmara do Porto e por um conselho consultivo formado por três arquitetos nacionais de referência, por transmitir “uma ideia de movimento e dinamismo que reflete a imagem de referência da Vodafone”.

Entretanto, a Vodafone já começou a desocupar o imóvel e a consultora Cushman & Wakefield a procurar novos inquilinos. Segundo os dados consultados pelo ECO, tanto o piso 3 (568,78 metros quadrados) como o piso 4 (530,87 metros quadrados) estão disponíveis por um valor mensal (sem IVA) de 15 euros por metro quadrado, acrescidos de 5 euros de condomínio.

Há também 21 lugares de estacionamento disponíveis nos pisos subterrâneos pelo valor de 110 euros por mês. O dossiê da consultora, que não quis comentar este processo, indica que os valores apresentados incluem despesas com aquecimento, ventilação e ar condicionado (AVAC), eletricidade, água, segurança ou limpeza, e excluem telecomunicações.

Vodafone ocupa escritório da Civilria no Nó de Francos

No início do segundo trimestre de 2024, a sede da Vodafone no Porto vai passar para o edifício ICON Office II, a dois quilómetros de distância do imóvel da Avenida da Boavista, com uma área total de 14 mil metros quadrados.

A empresa de telecomunicações ocupará parte do segundo edifício de escritórios que a aveirense Civilria está a acabar de construir no Nó de Francos, no âmbito de um projeto imobiliário superior a 100 milhões de euros e que inclui outro imóvel comercial ocupado desde o verão de 2022 pela Ageas e um complexo residencial com 168 habitações.

“De forma excecional, e até que as obras de preparação do novo espaço estejam concluídas, os colaboradores daquela localização da Vodafone trabalharão remotamente e/ou presencialmente numa outra instalação da Vodafone localizada relativamente próximo da Avenida da Boavista”, detalhou a multinacional.

Já sobre o fecho da loja nesta zona nobre de cidade Invicta, a mesma fonte da empresa indica que “[continuará] a atender os clientes em qualquer uma das lojas” da marca, nomeadamente na rotunda da Boavista, no NorteShopping (Matosinhos) e no ArrábidaShopping (Vila Nova de Gaia), esta última a partir de 28 de dezembro.

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