Frieiras: o que são, como tratar e o que nunca fazer. Um guia com 10 respostas para se proteger este ano

25 nov 2023, 18:00
Frieiras (Freepik)

A chegada dos dias mais frios é para muitas pessoas sinónimo do regresso das frieiras, uma lesão cutânea que requer alguma atenção. Este guia ajuda a tirar todas as dúvidas

1/ O que são frieiras?

As frieiras, cujo termo médico é eritema pérnio ou perniose, “são uma doença inflamatória da pele que surge após exposição ao frio nas regiões acrais”, isto é, nas extremidades, começa por explicar a médica dermatologista Joana Dias Coelho. Trata-se de lesões “violáceas, dolorosas e pruriginosas”. 

2/ Que partes do corpo podem ser afetadas?

As extremidades, como mãos e pés, incluindo entre os dedos, são as áreas do corpo mais suscetíveis, mas “as frieiras podem surgir nas orelhas e nariz e também, embora não tão habitual, nas virilhas, nas coxas”, adianta o médico dermatologista Luís Uva.

3/ Quais as causas?

Sabe-se que as frieiras aparecem quando há uma reação anormal ao frio por parte dos pequenos vasos sanguíneos que estão à superfície da pele, mas “as frieiras podem surgir idiopaticamente (sem causa conhecida) ou secundariamente a várias doenças”, adianta Joana Dias Coelho, que diz que “não se sabe a incidência mundial, porque varia muito com o clima e temperaturas médias dos vários países”, mas que “em Portugal há um surgimento francamente maior de casos nos meses de janeiro e fevereiro”.

Luís Uva diz ainda que entre os fatores que podem desencadear as frieiras estão os fungos. No entanto, este problema cutâneo tem “muito a ver com o clima e mudanças de temperatura, com o frio”.

“A existência de pequenos traumas aumenta a probabilidade de surgimento de frieiras se estiver presente um ambiente frio”, acrescenta a médica.

4/ Quais os sintomas?

“A pele pode doer, pode escamar, fica mais vermelha, pode haver a sensação de ardor e comichão, em alguns casos leva a bolhas que podem rebentar e ficar em feridas, que por serem nas extremidades são difíceis de cicatrizar”, diz Luís Uva.

5/ É possível prevenir?

“É possível prevenir, sim”, garante Luís Uva, que se apressa nos conselhos: “manter as mãos e os pés a uma temperatura ótima, nem demasiado quente, nem demasiado fria e limitar o contacto com o ar externo”, sobretudo se estiver muito frio e húmido. O médico dermatologista recomenda ainda “usar luvas ou de algodão ou umas muito fininhas, aquelas que se usam para correr, que são umas luvas que não aquecem demasiado as mãos”. Já nos pés, o especialista assegura que “é importante usar meias que sejam de algodão e que não deixem os pés húmidos”.

6/ Porque é que algumas pessoas são mais suscetíveis a ter frieiras do que outras?

Em causa pode estar a genética, diz Luís Uva. “As frieiras são bastante comuns e muito recorrentes, voltam a aparecer várias vezes durante a vida da pessoa. Há pessoas que, pela sua genética ou pela sua circulação [sanguínea] periférica, são mais suscetíveis de terem este problema, têm a pele mais sensível”. 

O médico adianta ainda que “as pessoas que praticam desportos com maior contacto” são também mais suscetíveis a este problema, assim como aquelas que têm de “higienizar as mãos mais vezes”, o que as torna “mais secas”. 

“O tabaco aumenta a gravidade das frieiras. Sabemos ainda que o baixo peso, a magreza extrema, também são fatores de risco para surgimento de frieiras”, explica Joana Dias Coelho.

7/ Como tratar?

Por norma, explica Luís Uva, o recomendado “é um tratamento tópico”, mas há casos em que “pode também ser oral”. Os cremes e fármacos a usar devem ter na sua composição “princípios ativos que melhoram a circulação” e há ainda que privilegiar, no caso dos cremes, aqueles que têm uma ação hidratante. Joana Dias Coelho aconselha “hidratar bem a pele com um emoliente” e após o aparecimento das lesões aplicar “um corticosteroide duas vezes por dia durante sete dias, pois ajuda a reduzir a inflamação e os sintomas”.

“Quando a pessoa desenvolve as tais bolhas, as tais feridas, deverá também usar um creme à base de antibiótico”, a ser prescrito pelo médico, diz Luís Uva.

8/ E quanto tempo levam as frieiras a desaparecer?

Ora, depende de caso para caso e, claro, do cuidado de cada pessoa para tratar esta lesão. No entanto, Luís Uva explica que, “por norma, as frieiras podem levar uma a três semanas a desaparecer”, porém, destaca, “em casos mais graves, as frieiras podem ser mais recorrentes e levar a uma situação mais ou menos intermitente, em que demora mais tempo a passar totalmente”. “Às vezes até só passa quando muda o tempo, a estação”, acrescenta. 

9/ As frieiras podem ser sinal de algo mais grave?

“Na maioria dos casos, as frieiras são mesmo apenas só frieiras, não estão associadas a uma doença interna ou a outro problema de maior”, diz-nos Luís Uva. No entanto, Joana Dias Coelho diz que “quando há uma recorrência das lesões e perante a gravidade do quadro clínico, é necessário fazer exames complementares de diagnósticos para esclarecimento da etiologia”.

10/ O que nunca fazer quando se tem frieiras?

Lavar as mãos sem as secar devidamente, não hidratar a pele e usar luvas e meias que deixem a pele húmida são os principais aspetos a ter em conta. “As pessoas que não usam o calçado apropriado tornam o pé mais húmido e, com isso, desenvolvem mais facilmente as frieiras”, exemplifica o médico. O consumo de tabaco e de cafeína - por contribuírem para a constrição dos vasos sanguíneos, como explica o site da CUF - é também de evitar.

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