Noruega descobre grande reserva de fosfato com potencial para produzir veículos elétricos durante 50 anos - tem tantas toneladas quantas as que existem no mundo

CNN Portugal , BCE
12 jul 2023, 19:41
Carros elétricos (imagem Getty)

Empresa de mineração responsável pela descoberta acredita que a mesma pode ser "importante para o Ocidente", uma vez que lhe confere autonomia na indústria mineral, sem precisar de depender da China, por exemplo

A Norge Mining, empresa de mineração sediada em Stabekk, na Noruega, fez uma descoberta com potencial para ajudar a produzir veículos elétricos, painéis solares e fertilizantes nos próximos 50 anos.

Trata-se de largas reservas de fosfato, descobertas numa mina em Rogaland, no sudoeste da Noruega, com um peso equivalente a cerca de 70 mil milhões de toneladas - um valor muito próximo das atuais 71 mil milhões de toneladas de reservas mundiais que já são conhecidas e que são produzidas em larga medida pela China e por Marrocos.

“Quando se encontra algo desta magnitude na Europa - que é de uma dimensão superior a todas as outras fontes que conhecemos - é muito significativo”, assinalou o fundador e diretor-executivo adjunto da Norge Mining, Michael Wurmser, em declarações ao Euractiv.

A Norge Mining fez a descoberta em 2018 com base em informações fornecidas pelo Geological Survey of Norway, agência governamental norueguesa responsável pela cartografia e investigação geológica. Inicialmente, estimava-se que o mineral estava localizado 300 metros abaixo da superfície, mas acabou por ser detetado a 4.500 metros de profundidade. Uma vez que não é possível perfurar a essa profundidade, os geólogos que trabalham no projeto perfuraram apenas até 1.500 metros abaixo da superfície.

"Quando percebemos isso, fizemos duas campanhas de perfuração em duas zonas. E, nessas duas zonas, estabelecemos dois recursos de classe mundial, que, em conjunto, permitem o abastecimento de matérias-primas por, pelo menos, 50 anos”, antecipou Wurmser.

De acordo com o Euractiv, cerca de 90% da produção mundial de fosfato é destinada à agricultura para a indústria de fertilizantes. Mas este mineral também é utilizado na produção de painéis solares e baterias de lítio-ferro-fosfato (LFP) para veículos elétricos, bem com semicondutores e chips de computadores, ainda que em quantidades muito reduzidas.

Produtos que Bruxelas qualificou recentemente como muito "importantes estrategicamente" para garantir que a União Europeia mantém o seu estatuto de potência global na produção de tecnologias essenciais para a transição energética e digital.

"É por isso que acreditamos que o fósforo que produzirmos pode ser importante para o Ocidente - fornece autonomia", observou Wurmser.

O fosfato é um dos principais componentes que integram várias tecnologias verdes, além dos fertilizantes. A descoberta surge numa altura em que a Europa enfrenta vários desafios relacionados com a procura deste mineral, fundamental para a produção de baterias para veículos elétricos e que está a ser cada vez mais procurado no mercado europeu.

Na sequência da descoberta, o ministro do Comércio e da Indústria da Noruega, Jan Christian Vestre, citado pela Euronews, assumiu que o país tem agora a “obrigação” de desenvolver “a indústria mineral mais sustentável do mundo”.

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