«A noção de Estado de direito é estranha ao mundo do futebol»

6 mai 2021, 16:39

Miguel Poiares Maduro, antigo presidente do Comité de Governação da FIFA, testemunhou no caso Football Leaks

Miguel Poiares Maduro, antigo presidente do Comité de Governação da FIFA (entre julho de 2016 e maio de 2017), foi ouvido esta quinta-feira como testemunha na 40.ª sessão do julgamento do caso Football Leaks, em curso no Tribunal Central Criminal de Lisboa.

«As revelações feitas são seguramente de interesse publico, pelo menos a maioria das que conheci pelos jornais, na medida em que revelam conflitos de interesse e, nessa medida, tiveram um contributo positivo para a transparência do futebol, infelizmente, ainda insuficiente, na minha opinião», disse o jurista e professor universitário, após a sessão.

A curta passagem de Miguel Poiares Maduro pelo Comité de Governação da FIFA permitiu ter um conhecimento mais aprofundado da realidade do futebol: «A cultura de organização e funcionamento do futebol e das suas organizações, incluindo a ausência de mecanismos de escrutínio, é originária do tempo de quando os clubes eram amadores. Mas hoje o futebol é algo equivalente a 3,7% do PIB europeu e essa atividade está na mão de organizações que mantêm formas de governação completamente arcaicas e que funcionam como cartel político, com uma fortíssima concentração de poder no topo. A noção de Estado de direito é estranha à organização do mundo do futebol.»

«Exige trabalhar a montante na cultura e é essencialmente um problema de regulação. E essa regulação não vai ser criada internamente. Como qualquer cartel, não se vai reformar a si próprio e a reforma vai ter de ser imposta pelo exterior», concluiu Miguel Poiares Maduro.

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