Garrincha

10 nov 2000, 22:15

Brasil

Extremo-direito

Nascido em 28/10/1933. Falecido em 20/1/1983

Jogou entre 1952 e 1968 

TRÊS RAZÕES PARA VOTAR 

1. O maior fenómeno da história deste desporto, talvez de todos os desportos. Porque tinha tudo para não entrar nela: não era atlético, não era competitivo, era inacreditavelmente ingénuo, tinha os joelhos deformados e pernas inacreditavelmente tortas, de aleijado. Mas o puro gozo pelo jogo tornou-o no exemplo mais flagrante da vitória do talento sobre a lógica, em última análise o grande segredo por detrás do fascínio do futebol. 

2. Em 1962 foi o primeiro jogador a ganhar um Mundial sozinho (Maradona foi o segundo, 24 anos depois). Já tinha ganho outro em 1958, quando se deu a conhecer ao Mundo, mas dessa vez tivera Pelé e Didi a acompanhá-lo no panteão. Foi campeão carioca por diversas vezes, com o Botafogo, mas não vale a pena entrar em grandes contabilidades para explicar que foi o melhor extremo de todos os tempos e que isso não está sujeito a discussão.  

3. Tinha alcunha de passarinho, espírito de passarinho e espalhava sorrisos de gozo puro em cada campo onde entrava. Chamaram-lhe anjo das pernas tortas e a alegria do povo. Driblava como uma criança e inventou a gargalhada no futebol. Nunca este voltou a estar tão próximo da poesia. 

E TRÊS RAZÕES PARA NÃO VOTAR 

1. O Mundial de 1966. Já não era o mesmo, estava há meses sem jogar a sério, vivia os primeiros efeitos da dependência da bebida. João Havelange, então presidente da CBF, decidiu levá-lo a qualquer preço, para conquistar as simpatias do público e tentar motivar uma selecção brasileira sem classe. Ainda marcou um golo, de livre, mas saiu pela porta pequena, anónimo e discreto pela primeira vez. 

2. Talvez seja coincidência, mas o facto de ser um fenómeno único e irrepetível parece ter contribuído para o fim dos extremos no futebol. Ninguém mais pode ser como ele, nem sequer tentá-lo, devem ter pensado os treinadores que, a partir da década de 60, conspiraram mil e uma tácticas destinadas a acabar com os fantasistas da linha lateral. Por isso Garrincha, mais do que Pelé, Cruijff ou Maradona, faz parte de um passado irrecuperável: a evolução do futebol embateu nele e mudou de rumo. Infelizmente para pior.  

3. Deixou-se arrastar para um final de carreira penoso, que em boa verdade começou logo a seguir ao seu momento de gloria máxima, o Mundial de 1962. Sabe-se lá quantos mais dribles teria para dar ao povo...

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