Fenprof acusa primeiro-ministro de "não ser muito sério"

Agência Lusa , AM
17 fev 2023, 12:42
Mário Nogueira (António Pedro Santos/Lusa)

Mário Nogueira lembrou as afirmações do primeiro-ministro que disse que caso optasse por recuperar o tempo de serviço, não poderia realizar obras no IP3, mas “não fez as obras nem contou o tempo de serviço”

O secretário-geral da Fenprof acusou esta sexta-feira o primeiro-ministro de “não ser muito sério” nas suas declarações, dizendo não ter ficado surpreendido por António Costa dizer ser impossível recuperar o tempo de serviço dos professores.

Em declarações aos jornalistas, antes de entrar para mais uma reunião com responsáveis do Ministério da Educação sobre um novo regime de recrutamento e colocação de professores, Mário Nogueira reagiu às declarações de António Costa que, em entrevista à TVI, disse ser impossível aceitar a reivindicação dos docentes de recuperar os mais de seis anos de serviço congelado durante o período da Troika.

“Não tive nenhuma surpresa e até me surpreenderia se [António Costa] tivesse dito outra coisa”, disse Mário Nogueira, lembrando que há quatro anos o primeiro-ministro ameaçou demitir-se caso os deputados da Assembleia da República aprovassem a recuperação dos mais de nove anos em que os docentes tiveram a carreira congelada: “Ninguém estava a contar que o senhor primeiro-ministro pudesse mudar de ideias”.

O secretário-geral da Fenprof a considerou ainda que António Costa “não é muito sério nas declarações que faz”, lembrando o caso das obras no IP3.

Mário Nogueira lembrou as afirmações do primeiro-ministro que disse que caso optasse por recuperar o tempo de serviço, não poderia realizar obras naquele troço rodoviário, mas “não fez as obras nem contou o tempo de serviço”.

A forte contestação dos professores na altura levou a um acordo com o Ministério da Educação, que recuperou “dois anos, nove meses e 18 dias”, tendo ficado mais de seis anos por recuperar.

Mário Nogueira voltou a exigir “o tempo de serviço a quem o trabalhou”, sublinhando que “as lutas vão continuar” e os professores “não vão parar”.

Desde dezembro do ano passado os professores iniciaram um período de greves e protestos e dizem que não vão parar enquanto o Governo não corrigir a situação.

Sindicatos e tutela iniciaram em setembro um processo negocial para um novo regime de recrutamento e colocação dos professores que vai já na quinta ronda negocial e conta com novas reuniões marcadas para a próxima semana sem uma solução à vista.

Sobre estas negociações, Mário Nogueira disse hoje estar “longíssimo” um acordo com a tutela, porque o documento apresentado é “muito penalizador para todos” os professores, dando como exemplo os docentes contratados que para conseguirem ter um aumento salarial têm de concorrer a 10 Quadros de Zona Pedagógica.

Mas, acrescentou, mesmo que fosse “um documento extraordinário, o que não é, hoje jamais os professores concordariam que alguma organização sindical assinasse qualquer documento sem que aquilo que é seu, que é o tempo de serviço, fosse garantido”.

Também o líder do Sindicato de Todos os Profissionais de Educação (S.TO.P.) André Pestana, voltou a dizer ser impossível avançar para um acordo, porque o “documento que está em cima da mesa não há condições”.

O documento apresentado pela tutela “não corresponde a nenhuma das reivindicações” dos profissionais da educação, disse o líder do S.TO.P., acusando o Governo de “intransigência, apesar de dizer que está a negociar”.

Além da recuperação dos mais de seis anos de tempo de serviço congelado, o Stop pede um aumento de 120 euros a todos os profissionais para responder à inflação.

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