«Evanilson? Eu não gostaria de ter um treinador como eu»

29 mar, 13:27

Avançado do FC Porto disse que era «muito difícil» lidar com Conceição e o técnico, entre a assunção feita, abordou a evolução do brasileiro nos dragões

O treinador do FC Porto, Sérgio Conceição, abordou esta sexta-feira as palavras do avançado brasileiro Evanilson - que a meio da semana disse que era «muito difícil lidar» com o técnico dos azuis e brancos - reconhecendo a evolução que o jogador teve desde que chegou ao clube e admitindo que, quando era jogador, também não gostaria de ter um treinador… como ele próprio.

«É difícil é falar disso [ndr: ser difícil lidar consigo], porque para as pessoas que são bem-intencionadas, o “difícil” pode ser positivo. Mas para pessoas, se calhar, mal-intencionadas, o “difícil” é dizerem ainda que vou agredir o Evanilson para ser bom jogador. Percebem o que estou a dizer, não é? Por isso é que fico aqui sempre meio… (pausa). É difícil, claro que sim! Normalmente, já de caráter, não sou uma pessoa que anda aqui às gargalhadas e, quando se fala de trabalho, ainda mais. Por isso, eles que contem. Eles contam a dificuldade que têm, é um bocadinho por aí», afirmou, na conferência de imprensa de antevisão ao jogo da 27.ª jornada da I Liga, ante o Estoril.

«Estou atento a todos os pormenores e as pessoas todas que nos acompanham: nutricionistas no peso deles, a vida, não só o que fazem dentro das quatro linhas, mas também fora, o trabalho que fazem antes do treino, os treinos. Tudo é importante. E nós estamos muito atentos e somos rigorosos e eles acham que é difícil. De vez em quando, sai uma ou outra dura no treino. Uns aceitam melhor, outros menos bem, dentro dessa relação é capaz de ser um bocadinho chato. Eu não gostaria muito - se fosse quando era jogador - de ter um treinador como eu, mas isso sou eu», completou, isto já depois de ter abordado especificamente o trajeto de Evanilson no FC Porto.

«Naturalmente que evoluiu, como todos os jogadores que estão dentro do que foi o percurso dele, vindo de campeonatos diferentes, de realidades distintas da que é a de representar um clube como o FC Porto. É um processo que não é fácil, por tudo o que somos nós, equipa técnica. Somos muito exigentes no nosso trabalho, há desafios no início que, para os jogadores, acredito que não sejam fáceis, que no início saiam um bocadinho da sua zona de conforto. E sabem que, em qualquer profissão, quando tiramos as pessoas da sua rotina, mexemos com alguma coisa lá dentro e não é fácil para eles. Depois, torna-se um hábito trabalhar nessa exigência, situações que para mim são fundamentais, especificamente na função do Evanilson», afirmou, antes de pormenorizar.

«Dou um exemplo: em apoio liga muito bem, tem capacidade e qualidade técnica acima da média, mas depois era preciso algo mais, movimentos e ações no ataque em que pudesse ser um jogador ainda mais completo e, depois, perceber se joga com um colega ao lado em 4x4x2 ou se com dois alas e um homem só na frente, perceber que espaço tem de pisar quando isso acontece e quando jogamos de forma diferente, quando jogamos no mesmo sistema. Peço aos avançados para terem movimentos completamente diferentes na frente. E tudo isso leva o seu tempo, os jogadores têm um trajeto na formação e iniciam o futebol profissional com alguma liberdade, que vai de acordo com o conforto de cada um e, quando se pede algo diferente, acredito que alguns consigam e outros nem tanto. E os que conseguem, normalmente melhoram e fico contente com essa evolução», concluiu.

O Estoril-FC Porto, que tem arbitragem de António Nobre, tem apito inicial marcado para as 20h30 de sábado e pode ser seguido, ao minuto, no Maisfutebol.

Relacionados

Patrocinados