Benfica não assinou contrato

5 jun 2000, 20:30

Clube promete obras com ou sem Euro-2004 Em vez de dez, foram nove as entidades que assinaram com o Estado contratos-programa para financiamento das obras nos estádio do Euro 2004. O Benfica faltou, alegando que devia receber mais dinheiro.

O Benfica faltou hoje à assinatura dos contratos-programa para o financiamento dos estádios que receberão o Euro 2004. O clube contesta a verba proposta pelo Estado e garante que vai realizar na mesma as obras no seu recinto, começando já no final do mês de Julho. Mas o Estádio da Luz, que era hipótese para receber a final do primeiro Campeonato da Europa que se realizará em Portugal, corre o risco de ficar de fora da prova. Para já, os responsáveis da sociedade Euro 2004 e do Governo mantêm a intenção de manter o diálogo com o clube «encarnado». 

Já se adivinhava uma posição deste tipo do clube da Luz. As minutas dos contratos foram enviadas na passada segunda-feira às dez entidades que os deviam assinar e os dirigentes «encarnados» não acusaram a recepção do documento nem fizeram propostas de alteração. Ontem, na SIC, Vale e Azevedo diz que o prazo foi curto.  

A posição do Benfica foi anunciada num faxe enviado para a Secretaria de Estado do Desporto pelo presidente do clube. O clube alega que o valor das obras ascende agora a mais de 11 milhões de contos, contra os quatro milhões inicialmente previstos.  

Braço-de-ferro continua 

Logo após a vitória da candidatura de Portugal à organização do Euro-2004, o presidente do Benfica já tinha dito que a verba estipulada era insuficiente. Na resposta, o Governo garantira que não iria alterar o financiamento estipulado, pelo menos numa primeira fase.  

Agora Vale e Azevedo argumenta que ainda não é possível ter noção definitiva do custo das obras, mas que o Estado deve comparticipar em 25 por cento do «custo efectivo». Os cálculos da comparticipação do Estado não foram feitos, no entanto, com base no custo total da intervenção a ser feita em cada estádio, mas num «custo de referência» que considera apenas as obras necessárias para responder aos requisitos da UEFA.  

O Benfica foi uma das dez entidades que assinaram, ainda antes de Portugal ter ganho a candidatura à organização do Europeu, um protocolo com o IND (Instituto do Desporto), definindo o valor da comparticipação do Estado nas obras de remodelação ou construção de cada um dos estádios escolhidos. FC Porto, Sporting, Boavista e V. Guimarães, bem como as Câmaras Municipais de Aveiro, Braga, Coimbra e Leiria são os outros organismos envolvidos no projecto e os que assinaram ontem os contratos.  

Ministro apela ao bom senso 

Para já, a reacção dos responsáveis do Governo e da sociedade Euro 2004 é prudente. Fernando Gomes, ministro do Desporto, diz que ainda conta com o Benfica. «Espero que o bom senso possa vir a imperar e que ainda tenhamos possibilidades de vir a incluir o Estádio da Luz nesta grande festa do futebol. Isto não impede que o Benfica possa levar por diante as suas obras. Aliás, na carta que o senhor presidente teve a amabilidade de enviar, dizia que iria começar as obras agora», afirmou Fernando Gomes.  

Vale e Azevedo diz que o Benfica está em condições de realizar as obras sozinho e que vai avançar, com ou sem Europeu. «Se o Governo precisar do Estádio da Luz para o Euro 2004 pagará o que o Benfica quer», afirmou o presidente do Benfica. O braço-de-ferro promete portanto continuar.  

Se o Benfica não se vincular de facto ao contrato-programa, que estipula as obrigações das entidades que o assinaram e prevê a fiscalização das obras pelo Estado, levantará novas questões. A alternativa, para garantir o controlo das obras, é efectuar vistorias ao estádio, de forma a averiguar se estão a ser cumpridas as imposições da UEFA. A decisão, nestas condições, terá de ser tomada pela sociedade gestora do Euro 2004. Em termos exclusivamente numéricos, não é indispensável a inclusão do Estádio da Luz no projecto, porque a UEFA exige um mínimo de oito estádios e o projecto português apresentou dez. 

Quem já não inclui o Benfica nas contas é Pinto da Costa. O presidente do F. C. Porto defendeu, ainda hoje, que o estádio do seu clube, bem como o do Sporting, sejam os cenários da final e do jogo de abertura, o que excluiria o Estádio da Luz dos jogos principais. «Estou convencido que Alvalade e as Antas vão ser palco, um da final e outro do jogo inaugural», afirmou.

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