E. Amadora: auditoria descobre fraude de 1,5 milhões de euros

16 mar 2004, 16:32

José Maria Salvado, um dos visados, diz estar «de consciência tranquila»

Uma auditoria particular ao Estrela da Amadora, solicitada pelo seu actual presidente, António Oliveira, pôs a descoberto uma fraude de cerca de 1,5 milhões de euros, segundo noticia nesta terça-feira o Jornal de Notícias. A fiscalização feita ao Clube pela Provider 4 Business detectou a existência de seis jogadores contratados sem autorização e sem qualquer comprovativo de pagamento.

De acordo com o documento elaborado pela auditora, «foram detectados ilícitos em sede de IRC, IRS e Segurança Social, que apontam para a evasão fiscal e gestão danosa». A auditoria financeira já analisou o período entre 1999 e 2003, altura em que José Maria Ferreira Salvado e Fernando António Reis Pombo presidiam o clube, sendo que as contas só estão encerradas e aprovadas até ao final de 2000. As suspeitas de fraude recaem ainda sob António Marques Pedrosa, presidente-adjunto.

A fiscalização às contas do Estrela foram solicitadas pela direcção do clube dois dias após ter tomado posse, no final de 2003, por «não perceber como é que o clube apresentava um débito de 2,5 milhões de euros». A direcção do Estrela lembra a venda dos passes de seis jogadores, que nos últimos oito anos renderam mais de 12,5 milhões de euros, e o bingo, que dá aos cofres do clube cerca de dois milhões de euros por ano. Há ainda o dinheiro da publicidade das camisolas dos jogadores,

os subsídios da Câmara da Amadora, as receitas das transmissões televisivas dos jogos e das quotas dos sócios. A empresa auditora recomendou à actual direcção do Estrela da Amadora que formalize queixa junto das autoridades.

O antigo presidente do Estrela da Amadora, José Maria Salvado, nega as acusações de fraude de que é alvo numa auditoria solicitada pelo actual líder do clube e afirmou estar «de consciência tranquila». «Apenas ouvi algumas coisas a esse respeito, mas posso desde já afirmar que estou de consciência tranquila quanto às acusações, porque enquanto fui presidente nunca mexi em dinheiro, limitava-me a assinar cheques e, para além disso, o futebol não era o meu pelouro», afirmou José Maria Salvado em declarações à Agência Lusa.

«Enquanto fui presidente dirigi o clube o melhor que sabia. O futebol nem sequer era da minha responsabilidade, mas sim de António Marques Pedrosa, enquanto a parte financeira era tratada por Fernando Pombo», frisou. Salvado, o maior visado da auditoria, garante que «o dinheiro de todos os jogadores que foram transferidos do clube» nunca passou pela sua mão, tendo sido sempre «depositado nas contas do Estrela». «Todas as verbas de jogadores transferiram-se sempre entre clubes, não entrando em conta nenhuma paralela minha. Por exemplo, o Marítimo pagou 90 mil contos pelo Gaúcho, através de 10 cheques depositados numa conta do clube no BPI e foi o Estrela que recebeu essa verba e a administrou», assegurou.

O antigo presidente do clube da Reboleira dá outro exemplo que, em seu entender, prova a sua honestidade: «Jorge Andrade foi vendido ao FC Porto e o clube depositou a verba da transferência numa conta que o clube tinha no BIC».

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