Entrevista a Tozé: «Não me sinto inferior aos jogadores do FC Porto»

11 nov 2014, 11:05
Porto B X Benfica B (Estela Silva/Lusa)

A situação do futebolista português, os valores da equipa B dos dragões e a aposta fácil em atletas estrangeiros: as opiniões do médio do Estoril em exclusivo

Inteligente, bem informado, fluente no discurso. Tozé é um futebolista evoluído também com as palavras. E é, antes de mais, um futebolista com opinião. Sobre os mais variados temas.

Neste trecho da entrevista exclusiva ao Maisfutebol
, o médio do Estoril-Praia – onde está cedido pelo FC Porto – fala de três jogadores que teria promovido ao plantel principal dos dragões, do preconceito em relação ao futebolista português e da falta de paciência dos responsáveis e adeptos.

E termina com uma opinião coerente com tudo o que defende: «não me sinto inferior aos jogadores do FC Porto».

(PARTE 1) TOZÉ: «Quero mostrar qualidade e voltar ao FC Porto»


(PARTE 3) TOZÉ: «Sempre preferi jogar no meio»


O FC Porto B foi vice-campeão da II Liga. No atual plantel principal não está nenhum jogador dessa equipa [Rúben Neves era júnior]. Se fosse o Tozé a decidir, que jogadores teriam sido promovidos?

«O Pedro Moreira [agora no Rio Ave] é um médio excelente, muito bom. O Gonçalo Paciência [continua na B], apesar de todos os azares com as leões, será a referência dos pontas-de-lança portugueses a médio prazo. O Tiago Ferreira [a jogar no Zulte-Waregem] também tem muita qualidade e seria sempre uma boa opção».

A seleção de sub21 consegue grandes resultados, mas nos clubes grandes [FC Porto e Benfica, pelo menos] continua a não haver espaço para os jovens portugueses. Como olha para este paradoxo?

«O maior problema é a falta de oportunidades. Como se ganha experiência? Em campo, a jogar. Só jogando, só competindo. Um jogador com 20 anos, se tiver qualidade, deve merecer a aposta dos clubes grandes. Seja no Porto, no Benfica ou no Sporting isso raramente acontece. O futuro passa pelo futebolista português. Os responsáveis não podem ter medo que o jovem erre. O estatuto conquista-se, surge naturalmente com o crescimento. É isso que eu vejo em Inglaterra, Holanda e noutros países. Falhar é natural. A palavra-chave tem de ser qualidade e não nacionalidade».

Falava no erro. Sentiu esse receio dos responsáveis na pele?

«Acho que para algumas pessoas o jogador português só está formado aos 24 anos. Não percebo isso. Depois vejo estrangeiros mais jovens a terem oportunidades com mais facilidade. Isso entristece-me, claro, porque há muita qualidade em Portugal. Mas isso vai mudar».

Consegue perceber essa aposta mais fácil no futebolista de outros países?

«O que acontece é que a margem erro do jogador português é menor. Mesmo para o adepto. É mais fácil assobiar o jogador da casa. É criticado e deitado abaixo mais facilmente. Não me sinto inferior aos jogadores que estão no plantel do FC Porto. Se calhar até faria mais e cheio de coração, cheio de paixão».

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