Novidade: as escolas vão fechar quatro dias em agosto - é “propaganda”, acusam uns; é “bem-vindo”, elogiam outros

20 jul 2023, 14:55
Sala de aulas

Ministro da Educação justifica a decisão com o facto de a preparação do próximo ano letivo estar, segundo o próprio, bem encaminhada

Uma medida sem grandes efeitos práticos: é assim que Pedro Barreiros, secretário-geral da FNE (Federação Nacional de Educação), encara o anúncio do encerramento das escolas durante quatro dias em agosto, na semana de 14 a 18 (com o feriado de 15 pelo meio). O dirigente sindical considera que o anúncio não passa de uma manobra de “propaganda” política, que serve apenas para iludir a opinião pública.

“Está tudo preparado para o arranque do próximo ano letivo do ponto de vista ministerial, mas do ponto de vista do trabalho das escolas não. As escolas até podem ter autorização para fechar, mas os diretores não as vão conseguir fechar porque há lá muito trabalhinho por fazer”, considera Pedro Barreiros.

O dirigente da FNE lembra que a colocação em mobilidade por doença só deve ficar definida “esta quinta ou sexta-feira” e “as colocações só devem acontecer na última semana de agosto” - e, diz, isso atrasa em muito o trabalho das escolas de preparação do próximo ano letivo.

“Os alunos não estão lá. Mais de 98% dos professores não estão lá. Qual é o ganho? Fecha nesta semana para na semana seguinte terem de trabalhar o que têm de trabalhar naquela semana e o que teriam de fazer na semana que fechou?”, questiona.

João Jaime Pires, diretor da Escola Secundária de Camões, teme que a medida possa prejudicar, acima de tudo, “os pais que nessa altura andem de escola em escola à procura de local para os filhos que não tiveram colocação”. Além disso, uma medida que tem de ser implementada daqui a menos de um mês é anunciada demasiado tarde: “A semana é um bónus que pode agradar a algumas direções, mas era algo que se devia ter sabido há seis meses. Não sei ainda se não vou ter professores a perguntarem se esses dias contam como férias e se têm de mudar as suas férias. Pode beneficiar um membro ou outro da direção e três ou quatro funcionários da secretaria que eventualmente não estariam de férias”.

António Castel-Branco, diretor do Agrupamento de Escolas Ferreira de Castro, em Sintra, e presidente do Conselho de Escolas confessa que é “um dos que pediam isto há muitos anos”, defendendo que é importante que os elementos da equipa de direção de uma escola “possam ter uns dias para desligar” numa altura exigente como é a preparação de um ano letivo novo. António Castel-Branco assegura que as escolas do seu agrupamento vão fechar nestes dias, apesar de prever “alguns constrangimentos”.

“Pode implicar alteração de férias das pessoas, mas não acredito que seja algo de muito grave. O maior problema será nas escolas secundárias, por causa das reapreciações dos exames”, antevê, sublinhando que “o grande trabalho de preparação do ano letivo é feito normalmente em julho” e que mesmo a divulgação dos resultados dos concursos não deve ter grande influência, já que só deve acontecer no final de agosto.

O que diz o ministro (e um elogio ao que ele disse)

À entrada da reunião desta quarta-feira com os diretores de escolas do Norte do país, o ministro da Educação tinha sinalizado que não há atrasos na preparação do próximo ano letivo, o que iria permitir que os estabelecimentos de ensino possam encerrar “durante uma semana do mês de agosto”. “É a primeira vez que as escolas vão poder encerrar durante o mês de agosto exatamente porque antecipámos todas as tarefas de preparação típicas”, sustentou o ministro da Educação, João Costa, em declarações à Lusa.

Em declarações ao ECO, o presidente da ANDAEP (Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas), Filinto Lima, aplaudiu a decisão, realçando que é uma medida “positiva” e “mereceu o aplauso dos presentes. “É um pedido que os diretores já fizeram aos sucessivos governos, ainda do tempo do Dr. Nuno Crato, mas que nunca tinha sido concretizado.”

Para já, a medida vigorará este ano mas Filinto Lima adianta que o ministro da Educação mostrou-se disponível para que possa vigorar no próximo ano letivo. “A ideia do ministro é que no próximo ano seja mais tempo. Vamos ver como é que as coisas se vão desenrolar este ano letivo.”

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