Eleições Brasil: apelo ao voto útil é "fascismo de esquerda", diz Ciro Gomes

Agência Lusa
22 set 2022, 14:59
Ciro Gomes (Foto: André Coelho/EPA)

Ciro considera que a campanha do voto útil promovida por Lula da Silva e pelo Partido dos Trabalhadores (PT) seria uma forma de "aniquilar alternativas”

O candidato à presidência do Brasil Ciro Gomes qualificou de "fascismo de esquerda" a campanha a favor do voto útil formulada pela candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na primeira volta das eleições, em 2 de outubro.

Ciro Gomes lançou candidatura pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT) e tem cerca de 7% das intenções de voto, muito atrás de Lula da Silva e do atual presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, que lideram a corrida eleitoral com, respetivamente, 45% e 33% das intenções de voto.

Numa entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, o candidato disse que a campanha do voto útil promovida por Lula da Silva e pelo Partido dos Trabalhadores (PT) seria uma forma de "aniquilar alternativas”.

Na entrevista, Gomes teve um desentendimento com um dos jornalistas presentes, a quem acusou de estar embriagado pelo "gabinete do ódio de Lula da Silva", quando este lhe perguntou se optaria por um dos favoritos na segunda volta ou viajaria para Paris, como fez em 2018.

O candidato respondeu que votou naquela segunda volta, mas que não fez campanha para Bolsonaro ou para o candidato do PT, Fernando Haddad.

Ciro critica Caetano Veloso e Tico Santa Cruz, que o apoiaram anteriormente

Ao mesmo tempo, criticou intelectuais brasileiros, como os músicos Tico Santa Cruz e Caetano Veloso, que o apoiaram na sua candidatura presidencial de 2018 e que agora pedem um voto útil em Lula da Silva para impedir a reeleição de Bolsonaro.

De ambos, Ciro Gomes disse que “são gente boa”, mas já têm as “suas vidas resolvidas”, então não sabem as necessidades de quem “está preocupado com o dia seguinte”, ou “não tem plano de saúde” ou como fazer contra as "mensalidades escolares" ou "o terrorismo dos grupos criminosos".

O candidato do PDT também rejeitou que os seus ataques contra Lula da Silva durante a campanha sejam uma espécie de "linha auxiliar do Bolsonaro".

“Uma mentira grosseira,” enfatizou, ao mesmo tempo que criticou duramente Bolsonaro.

O candidato avaliou que tanto Bolsonaro quanto Lula da Silva representam os mesmos modelos económicos e de Governo que levaram o Brasil à crise ética e social dos últimos anos e prometeu que se for eleito não vai propor um debate sobre a legalização do aborto, por se tratar de um questão que divide os brasileiros.

Além de personalidades da cultura e da política, também um grupo de intelectuais e líderes latino-americanos escreveram esta semana a pedirem a Ciro Gomes que desista da sua corrida presidencial para aproximar Lula da Silva da vitória na primeira volta, considerando que o que está em jogo é a vitória da democracia sobre o fascismo.

A eleição presidencial no Brasil tem a primeira volta marcada para 2 de outubro e a segunda, caso seja necessária, para 30.

Atualmente, 10 candidatos disputam as presidenciais brasileiras: Jair Bolsonaro, Luiz Inácio Lula da Silva, Ciro Gomes, Simone Tebet, Luís Felipe D’Ávila, Soraya Tronicke, Eymael, Leonardo Pericles, Sofia Manzano e Vera Lúcia.

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