Inicialmente, o ministro dos Negócios Estrangeiros disse que o e-mail tinha sido recusado por "exceder o tamanho limite das mensagens", mas mais tarde explicou que foi devolvido "devido ao excesso de peso dos anexos"
O ministro dos Negócios Estrangeiros garantiu, esta quarta-feira no Parlamento, que só recebeu o e-mail por parte Direção-Geral de Recursos da Defesa Nacional (DGRDN) com o real custo da requalificação do Hospital Militar de Belém dois meses depois deste ter sido enviado.
"A primeira informação que recebo sobre o real custo das obras vem através de um ofício, no qual o meu chefe de gabinete estava em cópia, a 23 de junho de 2020, embora com informação não sistematizada e pouco fundamentada. Esse ofício tinha aparentemente sido enviado pelo doutor Alberto Coelho [diretor-geral] por e-mail a 20 de abril, mas não chegou aos destinatários por exceder o tamanho limite das mensagens e portanto ser recusado pelo servidor."
João Gomes Cravinho afirmou ainda, depois das perguntas do deputado do PSD João Paulo Oliveira, que esse e-mail só foi reenviado "após repetidos pedidos de informação" por parte do seu gabinete à DGRDN. "Tudo isto está devidamente suportado em documentação arquivada no processo", sustentou.
Já numa segunda ronda de perguntas, o líder da Iniciativa Liberal, sugeriu ao governante que consultasse o Portal Base - no qual constam os contratos públicos realizados pelo Governo -, uma vez que a caixa de correio eletrónico e o Whatsapp não funcionam no Governo, numa clara referência à polémica indemnização a Alexandra Reis, que envolveu o ex-ministro Pedro Nuno Santos.
"Eu queria dizer ao senhor ministro que três dias depois desse e-mail de 20 de abril que não chegou ao destino, a 23 de abril de 2020 foi publicado no Portal Base a informação relativa ao valor dos contratos e, portanto, eu não iria sugerir que deixasse de usar mail e passar a utilizar o Whatsapp para receber essas informações, que já vimos que o Whatsapp não funciona no Governo, porque fica lá esquecido, mas pelo menos a consulta do Porta Base talvez tivesse vantagem."
Na resposta, Gomes Cravinho fez uma correção ao que tinha dito na sua primeira intervenção, porque "ao que parece, [o e-mail] terá sido devolvido devido ao excesso de peso dos anexos". "É uma coisa que todos nós, utilizadores de e-mail, já conhecemos. Já nos aconteceu", finalizou.
O governante, que tutelou a Defesa entre 2018 e 2022, está foi ouvido no Parlamento no âmbito de uma audição requerida pelo PSD, momento em que recuperou a cronologia dos acontecimentos e detalhou algumas informações sobre o processo de reconversão do antigo Hospital Militar, que tinha um custo inicial de 750 mil euros e acabou por custar ao Estado 3,2 milhões.