Os planos são ambiciosos. E não se ficam pelo aeroporto
Há pouco mais de 10 anos, em outubro de 2013, a chegada do A320 da Wizz Air, vindo de Budapeste, fez manchete, ao tornar-se o primeiro voo comercial de passageiros a aterrar no Al Maktoum International Airport, também conhecido como Dubai World Central (DWC).
Este novo aeroporto, a cerca de 32 quilómetros a sudoeste do centro do Dubai foi concebido para tornar-se, num futuro não muito distante, o maior e mais movimentado aeroporto do mundo. O conceito era – e continua a ser – o de um megacentro futurista, garantindo que o papel do emirado como um ponto chave da economia global não se depararia com problemas de capacidade tão cedo.
A Dubai Airports, a autoridade aeroportuária que gere tanto o Dubai International (DXB) como o novo aeroporto, promete que quando o Al Maktoum International estiver concluído, terá capacidade para movimentar mais de 160 milhões de passageiros por ano, bem como 12 milhões de toneladas de carga.
Para ter um termo de comparação, é quase mais 63 milhões de passageiros do que movimentou em 2022 aquele que é atualmente o aeroporto mais movimentado do mundo, o Hartsfield–Jackson Atlanta International, e quase mais 100 milhões do que o Dubai International. Não podemos deixar de referir que o DXB já é atualmente o aeroporto mais movimentado do mundo fora dos Estados Unidos da América e a maior porta de entrada internacional do Dubai.
Contudo, uma década e uma pandemia depois daquele voo inicial, e 13 anos inteiros após ter iniciado as suas operações de carga, o novo aeroporto do Dubai ainda tem muito trabalho pela frente.
O DWC encontrou o seu papel como centro de manutenção, reparação e revisão de aeronaves – um trabalho conhecido como MRO, na sigla inglesa, pela indústria. Acolhe também várias operadoras de carga aérea (incluindo a Emirates Cargo, a subsidiária de carga da transportadora de bandeira dos Emirados Árabes Unidos). Lida também com jatos executivos e alguns voos ‘charter’.
Os serviços regulares de passageiros, todavia, estão limitados àqueles que são providenciados por algumas companhias de baixo custo, que operam sobretudo para a Europa de Leste, Rússia e Ásia Central.
O que está a acontecer então com os ambiciosos planos? E quando poderemos assistir a desenvolvimentos?
‘Aeroportos do Futuro’
O recente Dubai Air Show, que teve lugar num recinto construído de propósito no Al Maktoum International Airport em 2023 deu pistas intrigantes sobre o que está para acontecer no DWC – bem como sobre a estratégia a longo prazo da Dubai Airports.
“Demos prioridade à expansão e investimentos no DXB, para responder às necessidades dos nossos clientes”, afirmou à CNN Paul Griffiths, presidente executivo da Dubai Airports. “É algo que vai ter continuidade, até toda a capacidade disponível seja absorvida”.
O plano é maximizar a capacidade atual através da “aplicação de tecnologia inovadora e mudanças que permitam repensar a utilização do espaço”, afirmou Griffiths, acrescentando mais 20 milhões de passageiros à atual capacidade atual do DXB, que é de 100 milhões de passageiros.
“Esta expansão não só vai acomodar o nosso crescimento no curto prazo, como também vai dar-nos tempo extra para delinear estratégias para a expansão faseada do DWC. Temos previsões de 88,2 milhões de passageiros em 2024 e de 93,8 milhões em 2025”, contou.
Griffiths é cauteloso na hora de confirmar calendários para a expansão. Contudo, em novembro de 2023 disse à agência de notícias AFP que, quando a capacidade estiver esgotada, “vamos precisar de um novo aeroporto. Isto terá de acontecer, em algum momento, na década de 2030”.
“O DWC traz-nos perspetivas desafiantes”, afirmou Griffiths à CNN em janeiro passado. “O futuro desenvolvimento da Fase 2 representa uma grande oportunidade, permitindo-nos construir do zero, alinhados com os objetivos mais amplos e planos de crescimento do Dubai”.
Griffiths disse aos jornalistas, no Dubai Air Show, que já estão em marcha os projetos para o novo mega-aeroporto. A enorme maquete, em três dimensões, exibida no evento, com seis pistas paralelas e três terminais gigantes, já está desatualizada há vários anos.
Mudar o modelo de negócios
Contudo, Griffiths sugeriu à revista Business Traveller uma intrigante abordagem em módulos para expandir de forma gradual o DWC, num calendário que deve ter lugar até 2050. “Não estamos a planear um aeroporto com terminais”, disse. “Vamos mudar totalmente o modelo de negócio para os aeroportos, torná-los bem mais intimistas, livrar-nos de todos os processos burocráticos a que temos de submeter os nossos clientes”.
O aeroporto será a peça central de um projeto mais amplo, o Dubai South, que prevê a criação de uma cidade completamente nova, numa extensão de deserto com 145 quilómetros quadrados, a sul do Dubai.
Esta área completamente nova, que tem já algumas peças a ganhar forma, terá oito bairros, cada um dedicado a uma atividade ou indústria específica, com uma mistura de edifícios residenciais e dedicados ao comércio.
Com o aeroporto no centro de toda a ação, irá formar uma autêntica “aerotropolis” [uma metrópole em torno do aeroporto]. O Mohammed bin Rashid (MBR) Aerospace Hub, que irá acolher o ecossistema crescente da indústria da aviação e aeroespacial - incluindo o centro de engenharia da Emirates que foi anunciado recentemente, no valor de 950 milhões de dólares – terá um papel determinante nesta visão.
O verdadeiro ponto de viragem, todavia, só chegará no dia em que a gigante Emirates e a sua parceira flyDubai se mudarem para o novo aeroporto, deixando o seu atual quartel-general no Dubai International. A mudança há muito que está nos planos, mas sem prazos por agora.