Há uma crise de diamantes na Europa e a culpa é de Putin

14 mar, 18:30
Diamantes

A UE e os países do G7 decidiram proibir as importações diretas de diamantes russos para os seus mercados

A proibição da importação de diamantes russos pela União Europeia começou no início deste mês, mas os negociantes do secular comércio de diamantes da Antuérpia já estão em crise. Numa carta a que a agência Reuters teve acesso, datada de 13 de março, os negociantes alertam para uma crise no setor. Com a entrada em vigor desta sanção, os comerciantes deixam de ter qualquer vantagem competitiva no negócio, alertam.

A carta foi dirigida ao principal grupo da indústria diamantífera da Bélgica, o Centro Mundial de Diamantes da Antuérpia, e pretende uma revisão desta medida que é uma das muitas sanções tomadas pela União Europeia contra a Rússia na sequência da guerra na Ucrânia. 

Os negociantes queixam-se de atrasos na reposição dos stocks que podem ter custos muito elevados. De acordo  com o especialista Paul Zimnisky, há um mês os stoks de diamantes eram elevados e os preços caíram 25% em relação ao início de 2022.

Al Cook, CEO da empresa De Beers, que faz mineração de diamantes, pretende reduzir a produção deste ano para o mercado conseguir absorver o excedente da oferta. “Embora apoiemos totalmente as sanções tomadas pela Bélgica, pela União Europeia e pelo G7, no que diz respeito às sanções de 1 de janeiro de 2024, a implementação das medidas para fazer cumprir a sanção afetou negativamente todas as nossas operações", refere na carta, assinada por mais de cem empresas locais.

“A intenção era impedir o fluxo de diamantes de estados sancionados, mas a realidade que enfrentamos é uma grave perturbação das nossas cadeias de abastecimento e a alienação do resto do comércio global.”

A UE e os países do G7 decidiram proibir as importações diretas de diamantes russos para os seus mercados a 1 de janeiro e antes de implementarem uma proibição total de pedras de origem russa através de países terceiros, a partir de 1 de março, devido à guerra.

A empresa estatal russa Alrosa, que juntamente com a De Beers é uma das maiores produtoras de diamantes do mundo, também foi incluída nas sanções. 

Antuérpia continua a ser o maior centro de diamantes do mundo, embora 90% das pedras sejam polidas na Índia. A Bélgica pressionou fortemente para que o G7 adotasse uma versão mais suave do plano proposto para tentar evitar que Antuérpia perdesse mais negócio depois de os principais joalheiros ocidentais terem começado a evitar as pedras russas.

Os negociantes de diamantes queixaram-se que os seus carregamentos ficaram retidos na alfândega durante mais de uma semana, mesmo quando as pedras fossem provenientes diretamente de produtores africanos.

Os negociantes de diamantes dizem esperar mais problemas quando os requisitos adicionais de rastreamento entrarem em vigor a partir de setembro.

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