A redação diz que em causa estão 56 trabalhadores dos serviços partilhados e do setor comercial, 40 da redação do Jornal de Notícias, 30 da TSF e um número ainda indefinido de O Jogo
Um dia depois de José Paulo Fafe, CEO da Global Media, ter afirmado que o despedimento coletivo na Global Media ainda é só uma das hipóteses em cima da mesa e que a decisão não está tomada, após plenário de redação, a redação do Jornal de Notícias reitera que a intenção de avançar para o despedimento coletivo foi comunicado às representantes dos trabalhadores.
“As representantes dos trabalhadores foram convocadas pela administração para uma reunião, às 14.30 horas de quinta-feira, dia 23 de novembro, para lhes comunicar a intenção de proceder ao despedimento coletivo de 140 a 150 pessoas no Global Media Group”, começa por dizer a redação do JN. De acordo com os jornalistas, a administração concretizou os número de trabalhadores abrangidos: 56 trabalhadores dos serviços partilhados e setor comercial, 40 da redação do Jornal de Notícias, 30 da TSF e um número ainda indefinido de O Jogo, descrevem.
Em comunicado enviado após o plenário, a redação do JN vem também “repudiar o facto de, ao final desse dia, depois de a intenção ter sido comunicada à redação, a administração ter falado à comunicação social dizendo que tal “não é verdade”, que “é apenas uma hipóteses como outra qualquer, para quem tem de conter despesas, aumentar receitas e racionalizar meios e recursos”, num ato de desrespeito pela redação na pessoa dos seus representantes eleitos”.
Os jornalistas solicitam à administração “o cabal esclarecimento, até ao final da manhã da próxima quarta-feira, dia 29 de novembro, sobre o que pretende efetivamente levar a cabo” e convocaram novo plenário para dia 30 de novembro.
Foi também decidido pedir ao Sindicato dos Jornalistas a preparação de um pré-aviso de greve para os dias 6 e 7 de dezembro e “ponderar acionar os meios legais e judiciais ao seu dispor na defesa dos direitos dos trabalhadores”.
A redação do Jornal de Notícias “salienta a força e a importância do título âncora do GMG”, e pretende “contactar todas as entidades políticas, económicas, sociais e culturais, alertando-as para a contínua destruição de um jornal centenário que é uma referência nacional”.
Na noite de quinta-feira, José Paulo Fafe, formalmente CEO do grupo desde a última semana, confirmou ao +M a hipótese do despedimento coletivo, mas garantiu que a decisão não estava tomada.
“Não há decisão nenhuma. Há a necessidade de conter despesas, de aumentar receitas e de racionar os custos. Há várias medidas que podem ser implementadas, estamos a estudá-las”, afirmou. “Equacionamos várias hipóteses, mas não está decidido”, reforçou o novo CEO do grupo dono do Diário de Notícias, do Jornal de Notícias e da TSF, reafirmando que a hipótese do despedimento coletivo “está em cima da mesa, assim como outras alternativas”.
A possibilidade do despedimento coletivo terá sido avançada esta quinta-feira às delegadas sindicais do Jornal de Noticias. Também esta terça-feira representantes da TSF terão sido informados de que o grupo estaria a numa situação particularmente difícil. Na sequência do encontro no JN, as delegadas sindicais do jornal enviaram um comunicado à redação a partilhar as informações prestadas por José Paulo Fafe. A “intenção de proceder a um despedimento coletivo, para “contrariar uma situação financeira muito complicada”.
José Fafe confirma conversas com representantes tanto do JN como da TSF, mas reforçou que “foram aventadas várias soluções, de uma forma teórica“. O despedimento coletivo “é a solução menos desejável, há outras”, frisou o gestor, sem concretizar as alternativas.
Atualmente, a Global Media tem cerca de 530 trabalhadores. “Há regras. Se avançássemos para o despedimento coletivo, a primeira coisa que faríamos seria avisar os trabalhadores”, referiu José Paulo Fafe.