Caso das gémeas luso-brasileiras. Medicamento de quatro milhões foi pedido a um sábado e aprovado em dois dias

23 nov 2023, 20:58

Médicos e farmacêuticos contactados pela TVI, do mesmo grupo da CNN Portugal, estão estupefactos com esta autorização em tempo recorde

O pedido de acesso aos medicamentos de quatro milhões de euros para as gémeas luso-brasileiras, que alegadamente beneficiaram de uma cunha do Presidente da República, foi feito a um sábado e aprovado em dois dias úteis. Depois de tantas incongruências no polémico caso, esta poderia ser apenas mais uma, mas não é, pelo menos de acordo com os médicos e farmacêuticos ouvidos pela TVI, do mesmo grupo da CNN Portugal.

Pedido a 29 de fevereiro de 2020, foi autorizado pelo Infarmed na terça-feira seguinte. Mas o Infarmed garante que já deu autorizações mais rápidas. "Temos processos que são tramitados no próprio dia", esclarece a autoridade do medicamento. 

No pedido ao Infarmed, a que a TVI/CNN tiveram acesso exclusivo, percebe-se que a justificação clínica para a administração do Zolgensma às gémeas era muito mais vaga do que a de outra criança que analisámos. Nesse documento, a neurologista que segue o caso escreveu apenas que as bebés tinham diagnóstico compatível com o medicamento e, uma vez mais, sublinhou que a consulta foi marcada pelo secretário de Estado da Saúde, à época António Lacerda Sales, que sempre negou conhecer este assunto.

Apesar do protesto dos médicos, as gémeas que conseguiram nacionalidade portuguesa três meses antes de irem para o Santa Maria foram mesmo tratadas. E foi a própria mãe a admitir que o processo não seguiu os trâmites normais e a envolver o nome do Presidente da República.

Quase um mês depois da revelação deste caso pela TVI, hospital de Santa Maria, Inspeção-geral das Atividades em Saúde e Ordem dos Médicos anunciaram a abertura de inquéritos. Já a PGR mantém-se em silêncio.

A Iniciativa Liberal e o Chega pediram, entretanto, para ouvir no Parlamento a antiga ministra da Saúde, Marta Temido, assim como o antigo secretário de Estado da Saúde, Lacerda Sales.

Marta Temido foi, para já, a única que anunciou estar disponível para esclarecer o caso. 

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