Falsificavam documentação e traficavam cadáveres. Cobravam 1.200 euros por cada corpo às universidades

TVI , MSM
29 jan, 11:51
Funerais em Portugal durante a pandemia da covid -19

Proprietários e funcionários de funerária em Valência retiravam ilegalmente os corpos de morgues e lares

A Polícia Nacional espanhola desmantelou uma rede que se dedicava à venda de cadáveres, em Valência. Os suspeitos retiravam os corpos ilegalmente de hospitais e lares de idosos e vendiam-nos a universidades para serem usados em estudos.

Os responsáveis por este esquema eram proprietários de uma funerária e dois dos seus funcionários tratavam de todas as operações. Falsificavam documentação e cobravam 1.200 euros por cada cadáver vendido aos estabelecimentos de ensino.

Segundo a investigação chegaram a cobrar a uma dessas universidades mais de cinco mil euros, para a cremação de 11 corpos. "Aparentemente, uma vez concluídos os estudos, as universidades tiveram de pagar pelas cremações, cabendo à própria funerária cuidar delas", informam as autoridades em comunicado. No entanto, não havia registo que isso tivesse sido feito, uma vez que nenhum dos crematórios de Valência emitiu faturas deste serviço.

Pelo que foi possível apurar, os detidos "aproveitaram a dissecação e desmembramento dos corpos para colocá-los nos caixões de outros mortos, realizando a cremação de vários cadáveres numa única incineração". Ou seja, poupavam no pagamento pelo serviço, que cobravam à universidade.

Os suspeitos procuravam pessoas sem família, de preferência estrangeiros, ou que vivessem numa situação precária e/ou sem quaisquer laços que levassem a que houvesse alguém a reclamar o corpo.

A investigação começou no início de 2023, depois das autoridades terem conhecimento que um corpo tinha sido retirado de forma irregular da morgue de um hospital por uma agência funerária, tendo sido "feitas falsificações no seu livro de registo, bem como na documentação apresentada no Registo Civil".

Neste caso, o falecido deveria ser sepultado na localidade em que residia, num funeral financiado pela Câmara Municipal, mas acabou por ser vendido, sem que houvesse consentimento de algum familiar ou amigo.

Os agentes detetaram um outro caso em que o falecido estava internado numa casa de repouso e, supostamente, três dias antes da sua morte terá autorizado a doação do seu corpo à ciência. No entanto, foi possível apurar que o homem apresentava problemas cognitivos, que não lhe permitiam compreender o que estava em causa.

Para além disso, os suspeitos cometeram mais um "erro". A autorização de doação era para uma faculdade de medicina e o corpo foi encaminhado para outra universidade, "que pagou mais por isso".

Esta operação da Polícia Nacional levou à detenção de quatro pessoas, com idades entre os 41 e 74 anos, por fraude. Dois dos suspeitos estão ainda acusados do crime de falsificação de documentos.

Relacionados

Europa

Mais Europa

Patrocinados