«Não se espera que saiam à rua como se não estivéssemos numa epidemia»

1 mai 2020, 14:34
Marta Temido

Ministra da Saúde fez um balanço de dois meses de covid-19 em Portugal: «Casos graves e óbitos têm-se concentrado nas pessoas com mais de 75 anos e com doença crónica»

Numa altura em se completam dois meses desde que foi diagnosticado o primeiro caso de covid-19 em Portugal, a ministra da Saúde, Marta Temido, fez um retrato da evolução da doença no país e deixou um aviso quando estamos a chegar ao fim do estado de emergência.

«Estamos perante uma doença muito contagiosa, a transmissão acontece sobretudo em determinados grupos geográficos, sendo que os casos graves e óbitos se tem concentrado nas pessoas com mais de 75 anos e com doença crónica», afirmou a governante na conferência de imprensa diária de ponto de situação.

Marta Temido disse ainda que «o risco de transmissibilidade de covid-19, o chamado número médio de contágios por cada infetado (Rt), foi de 0,92 entre 23 e 27 de Abril, com variações mínimas entre regiões», o que significa que, em média, cada infetado, contagia meos do que uma pessoa.

A ministra apontou que «não haverá vacina ou tratamento disponível nos próximos tempos» e explicou que a política em termos de controlo da epidemia vai continuar a ter dois objetivos essenciais: «reduzir a mortalidade e a gravidade e controlar a transmissão da covid-19 a um nível considerado aceitável, com o tal R relativamente contido.»

Relativamente ao crescimento da pandemia em Portugal, «neste momento, parece continuar a ter números que ainda estão acima daqueles que desejaríamos, mas que estão muito mais controlados do que estavam, por exemplo, há 15 dias», indicou a ministra da Saúde, que falou sobre o início do desconfinamento.

«O ambiente em que entramos, na passagem do estado de emergência para o estado de calamidade, implica algum alívio de algumas medidas, mas não se espera que, na segunda-feira, os portugueses saiam à rua como se não estivéssemos debaixo de uma situação epidémica que temos de continuar a manter contida», afirmou, dizendo que «o recolhimento domiciliário mantém-se como um dever cívico.»

Marta Temido disse que já há hospitais portugueses a realizarem testes de diagnóstico em «períodos muito curtos», de 45 minutos.

Já a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, falou sobre a taxa de letalidade, que se encontra nesta altura nos 4% a nível global, subindo para 14,2% nos doentes com mais de 70 anos.

«Os nossos níveis de letalidade estão de acordo com os gerais em outros países, exceto os que tiveram situação muito dramáticas», disse Graça Freitas, explicando que ao início da epidemia os níveis de letalidade são sempre baixos porque «só passado um determinado período, que pode ser de cerca de dez dias, é que ocorre o óbito».

«Todos os dias temos assistido a uma diminuição do número de óbitos, de forma proporcional», frisou a responsável.

Relacionados

Covid-19

Mais Covid-19

Patrocinados