Covid-19: «É crucial que as pessoas não adoeçam todas ao mesmo tempo»

26 mar 2020, 13:17
Covid-19

Secretário de Estado anunciou a chegada de alguns dos testes encomendados. DGS diz que «a partir de agora, muitas pessoas infetadas vão ficar em casa»

O Secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, afirmou esta quinta-feira na conferência de imprensa diária de análise à situação da covid-19 em Portugal que, numa altura em que o país está na fase de mitigação, «é crucial que as pessoas não adoeçam todas ao mesmo tempo e que os contactos sociais sejam reduzidos ao mínimo».

O governante disse ainda que já chegaram «5 mil dos 80 mil testes que estavam encomendados e os restantes chegam no inicio da próxima semana»

«Há 30 mil testes em stock em público e em privado e estamos preparados para esta fase», garantiu.

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, começou a intervenção na conferência de imprensa com uma explicação. «Até agora, as pessoas estavam habituadas a seguir o percurso normal de ir para um hospital de referência. A partir de agora, muitas pessoas vão ficar em casa. Isso é bom sinal, é sinal que têm sintomas ligeiros», frisou, pedindo tranquilidade a quem tiver essa indicação e garantindo que «se a situação agravar, terão outro tipo de atendimento.»

«Muitos doentes que passaram pelos nossos hospitais foram para o domicilio e ficaram em segurança. É uma boa opção para os doentes ligeiros

A diretora-geral da Saúde, Graça Freitas disse ainda que a letalidade do Covid-19 é pouco superior a 1%, para todos os grupos etários, mas é mais elevada nos grupos etários acima dos 70 anos.

«Até agora, em termos do número de pessoas que morrem daquelas que adoecem está dentro do que seria expectável», explicou Graça Freitas, lembrando que «o numero de mortos vai aumentando à medida que aumenta o número de doentes e que passa mais tempo desde o início da doença».

A DGS disse ainda que neste momento já não há uma preocupação «com a ligação epidemiológica» e que o critério para ligar para a linha SNS24 é ter sintomas. «O mais precoce, até agora, «é a tosse, seguindo-se a febre e dificuldade respiratória».

Graça Freitas falou ainda sobre os testes realizados, dizendo que, «pelo menos os 22.257 casos suspeitos detetados desde 1 de janeiro foram testados».

«Nós temos sempre feito os testes necessários. Há dias em que aparecem mais pessoas com sintomas, por isso faremos mais testes», disse a DGS, garantindo que a capacidade de fazer testes «vai aumentar», uma vez que o «setor privado» também os vai começar a realizar, «complementarmente ao setor público».

«Qualquer pessoa suspeita vai ter acesso ao teste. À medida que a curva sobe, vai subir o número de suspeitos», adiantou.

Fernando Almeida, diretor do Conselho Diretivo do Instituto Ricardo Jorge, também presente na conferência de imprensa que «nenhum dos testes rápidos» que geraram polémica em Espanha, por falta de fiabilidade, «teve ainda parecer positivo do Infarmed e do Instituto Ricardo Jorge».

«Temos de ser criteriosos na utilização de testes rápidos. Eu tenho de ter um teste que quando me diz que é negativo é mesmo negativo e quando me diz que é positivo é mesmo positivo. O problema é que muitos destes testes têm problemas de sensibilidade em relação ao que devem ter», frisa o responsável, que assume, contudo, que estes testes rápidos poderão ser «muito válidos», numa terceira fase da pandemia, para perceber o nível de imunidade da população portuguesa relativamente ao coronavírus.

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