Mais de 71 anos depois, guerra das Coreias pode ter fim

30 dez 2021, 04:54
Coreia

Coreia do Sul e EUA chegaram a acordo de princípio sobre o esboço de uma declaração pondo fim à guerra das Coreias. Falta a luz verde de Kim Jong-Un

 

Passaram mais de 71 anos desde que a Coreia do Norte violou a fronteira do Paralelo 38 e iniciou a guerra das Coreias, em 1950. Apesar do conflito ter terminado com a assinatura de um armistício, em 1953, os dois países-irmãos nunca assinaram um acordo de paz - ou seja, oficialmente, o conflito nunca acabou. Mas talvez se aproxime esse momento.

O ministro sul-coreano dos Negócios Estrangeiros anunciou esta quarta-feira que há um “acordo efetivo” entre o seu país e os Estados Unidos em relação ao esboço de uma declaração pondo fim oficial ao conflito. A posição dos EUA é decisiva, pois o país foi determinante na resposta militar da Coreia do Sul ao ataque vindo do norte - mais de 90% das forças militares de Seul foram fornecidas pelo aliado norte-americano.

O acordo de paz para a Península Coreana é um dos muitos dossiês nunca resolvidos no longo conflito entre as duas Coreias. O presidente sul-coreano Moon Jae-in, cujo mandato está a terminar, relançou esse processo em setembro, apostando num acordo que resolvesse a questão e pudesse garantir-lhe um lugar na história. Moon apostou na possibilidade de um acordo de paz inter-coreano depois de um ano difícil em termos de popularidade, beliscada por diversos pequenos escândalos envolvendo membros do seu governo.

Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros, Chung Eui-yong, "em relação à declaração sobre o fim da guerra, a Coreia do Sul e os Estados Unidos já partilharam um entendimento comum sobre a sua importância, e os dois lados já chegaram praticamente a um acordo sobre o seu esboço”. Um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano confirmou que os EUA estão preparados para se encontrar com a Coreia do Norte “sem pré-condições”.

 

Não haverá cimeira nos Jogos Olímpicos de inverno

 

A posição da Coreia do Norte tem sido ambígua perante os esforços do sul para um acordo de paz. Kim Yo-jong, a poderosa irmão do líder norte-coreano, considerou que se trata de uma “ideia admirável”, mas a iniciativa tem sido recebida com muitas cautelas. Não houve qualquer avanço oficial desde que o presidente sul-coreano relançou o processo.

Seul colocava uma grande expetativa na possibilidade de os dois governos se encontrarem numa cimeira de alto nível à margem dos Jogos Olímpicos de Inverno, que se realizam em fevereiro em Pequim. O facto de a China ser o único grande aliado da Coreia do Norte, e aquele do qual o regime de Kim Jong-Un mais depende, poderia facilitar essa manobra diplomática. Porém, essa perspetiva não deverá concretizar-se.

"Embora o governo sul-coreano esperasse aproveitar os Jogos de Pequim para ganhar ímpeto na normalização dos frágeis laços inter-coreanos, na prática as coisas estão a encaminhar-se contra essas expectativas neste momento", reconheceu o ministro dos Negócios Estrangeiros sul-coreano, numa conferência de imprensa.

O agravamento da situação com a pandemia, e as fortes restrições impostas pela variante Ómicron, tornam bastante improvável a presença de Kim Jong-Un na capital chinesa para os Jogos de Inverno. A expetativa do presidente sul-coreano, que deixa o cargo depois das eleições presidenciais de março, era conseguir uma cimeira bilateral com o seu homólogo à margem das cerimónias dos Jogos de Pequim.

Recorde-se que os Jogos Olímpicos de Inverno de 2018, realizados na cidade de PyeongChang, na Coreia do Sul, permitiram uma importante reaproximação entre os dois países, tendo contado com a participação de atletas da Coreia do Norte.

Ásia

Mais Ásia

Patrocinados