Chega acusado de oportunismo e discurso de ódio por marcar debate sobre "imigração e segurança"

Agência Lusa , CF
5 abr 2023, 18:43
Centro Ismaili (António Cotrim/Lusa)

"Mantemos cada palavra que dissemos e mantemos cada uma das insinuações e das acusações que fizemos", disse André Ventura

O Chega foi esta quarta-feira acusado de oportunismo e discurso de ódio pela generalidade dos partidos na Assembleia da República por ter marcado um debate sobre "política de imigração e segurança" a propósito do ataque no Centro Ismaili.

Durante este debate em plenário, o presidente do Chega associou o ataque de 28 de março, em que um homem refugiado matou duas mulheres com uma arma branca, ao extremismo islâmico, o que o ministro da Administração Interna considerou ser "um ataque descabelado às instituições" que afastaram essa ligação.

André Ventura referiu-se ao refugiado afegão Abdul Bashir como "suspeito de matar a própria mulher, suspeito de ligações ao Estado Islâmico, suspeito de ligações aos talibãs", e alegou que isso está a ser investigado pelos serviços de informações, invocando fontes não identificadas citadas pelo jornal Nascer do Sol.

"Temos suspeitas credíveis e fundadas ditas pela própria imprensa", disse Ventura, que perguntou ao ministro da Administração Interna se "isto é verdade ou é mentira".

Ressalvando que todas as hipóteses têm de ser objeto de investigação, José Luís Carneiro afirmou que "se houvesse qualquer indício" de ligações a movimentos terroristas "com certeza que a Unidade de Coordenação Antiterrorismo teria alterado os níveis de alerta do país", como é sua obrigação até no quadro internacional.

O ministro sugeriu a André Ventura que, "se porventura tem informações que não sejam do conhecimento das autoridades judiciárias, pois deve dirigir-se ao Ministério Público e apresentar os factos".

Ao longo deste debate de atualidade, os deputados do Chega Rui Paulo Sousa, André Ventura e Pedro Pinto contestaram a política de imigração promovida pelo Governo, que qualificaram como sendo "de portas abertas" e de "bandalheira", sem porém avançar propostas concretas de alterações nesta matéria.

O ministro da Administração Interna contrapôs que Portugal é "um país acolhedor", mas com "fronteiras reguladas e seguras", elencando as entidades envolvidas no processo de verificação dos refugiados e mencionando, por exemplo, que "em 2022 foi recusada a entrada a 1.749 cidadãos".

PS, PSD, Iniciativa Liberal, Bloco de Esquerda, PCP, Livre e PAN criticaram a mistura entre os temas da segurança e da imigração, a confusão entre migrantes e refugiados e acusaram o Chega de aproveitamento do ataque no Centro Ismaili e de incitamento ao ódio.

O debate prolongou-se durante perto de duas horas e meia e acabou com o grupo parlamentar do Chega a sair do hemiciclo pouco antes do fim, após a Mesa ter concedido a palavra à ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, para defesa da honra do Governo.

A ministra protestou por André Ventura ter responsabilizado também o Governo pelo duplo homicídio no Centro Ismaili. O presidente do Chega respondeu: "Mantemos cada palavra que dissemos e mantemos cada uma das insinuações e das acusações que fizemos".

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