Catarina Martins critica entrevista “desastrosa” de Costa e diz que não responde ao país

Agência Lusa , AM
31 jan 2023, 11:49
Catarina Martins (Lusa/Rodrigo Antunes)

Coordenadora do Bloco de Esquerda defendeu que “a única novidade é que António Costa assume que pode perder as eleições europeias”

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, criticou a entrevista do primeiro-ministro à RTP, na segunda-feira, considerando-a “desastrosa” e lamentando que António Costa se tenha vitimizado sem dar respostas ao país.

“Há sobretudo uma enorme inversão do que é a responsabilidade do Governo. Quando vejo uma entrevista em que o primeiro-ministro se vitimiza por causa das crises, em vez de dizer como é que vai responder às crises, é um mundo de pernas para o ar”, afirmou a deputada, continuando: “Um primeiro-ministro que se vitimiza em vez de responder ao país é um primeiro-ministro que não serve o país”.

Em declarações à margem da apresentação de uma queixa da Comissão Política do BE na Procuradoria-Geral da República (PGR), a propósito de alegadas ilegalidades na contratação de mão de obra imigrante através de empresas angariadoras, a líder bloquista defendeu que “a única novidade é que António Costa assume que pode perder as eleições europeias”, numa entrevista em que diz que o primeiro-ministro agiu “como se estivesse tudo bem”.

“É uma entrevista, desse ponto de vista, desastrosa. O país precisa tanto de respostas e o país teve tudo menos isso”, referiu, sem deixar de vincar a ausência de respostas: “Não vale a pena fazer de conta que é tudo problemas com a justiça, há problemas de responsabilidade política que precisam de ser respondidos. Não responde ao país, à inflação e o Governo não faz nada para que as pessoas consigam ter acesso aos bens essenciais todos os meses”.

Confrontada com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) relativamente à economia, que foram hoje divulgados e apontaram para um crescimento de 6,7% em 2022, Catarina Martins assinalou que os números demonstram a existência de um “problema de desigualdade” em Portugal, face ao desempenho económico e às dificuldades das pessoas.

“Inflação é especulação. Há quem esteja a ganhar muito dinheiro, enquanto quem vive do seu trabalho tem cada vez mais dificuldades. E se a economia cresce, como justificar que os salários sejam cada vez mais curtos?”, questionou.

Nesse sentido, identificou “duas respostas básicas” para o Governo dar aos portugueses e que passam por “atualização de salários e de pensões e controlo de preços/fixação de margens dos bens essenciais”: “Isso tem de ser feito, já devia estar feito e cada dia em que o Governo não age e vemos a economia a crescer, que ninguém se engane: são super-ricos a ficarem cada vez mais ricos, à conta de um país em que quem trabalha tem cada vez mais dificuldades”.

A coordenadora do BE não esqueceu também a questão da habitação nas respostas prioritárias para o país. A partir do relatório sobre Índice de Perceção da Corrupção (CPI) 2022, da organização Transparência Internacional (TI), que foi hoje divulgado e que indicou que o programa de vistos ‘gold’ em Portugal “aumentou os riscos de corrupção” e “pressionou o mercado imobiliário”, Catarina Martins apelou ao fim deste regime.

“Os vistos ‘gold’ servem para corrupção, para branqueamento de dinheiro (…) e para subir o preço da habitação. E isso juntamente com os vários benefícios fiscais para os não residentes”, disse, concluindo: “A habitação não pode servir para a especulação, não pode servir para lavar dinheiro dos corruptos do mundo, a habitação tem de ser um direito, as casas têm de ser para as pessoas viverem e os ‘vistos gold’, claro, têm de acabar”.

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