"Titan", que levava cinco pessoas a bordo, perdeu contacto com a superfície no domingo. Janela de oxigénio de 96 horas esgota-se na quinta-feira ao final da tarde
A viagem pode custar até 250 mil dólares, pode durar oito dias e não é necessário ter experiência prévia de mergulho para quem quer ter a experiência única de visitar os destroços do Titanic. As condições para se juntar à expedição, reveladas numa versão arquivada do site da OceanGate, revelam ainda que os candidatos devem "ser capazes de viver a bordo do navio de expedição durante uma semana" e "ser capazes de demonstrar força, equilíbrio e flexibilidade básicos".
Segundo a CNN Internacional, a bordo do submergível "Titan" estão os britânicos Stockton Rush - CEO da OceanGate - e Hamish Harding - especialista de missão -, o mergulhador francês Paul Henri Nargeolet e Shahzada Dawood e o filho, Sulaiman Dawood, ambos paquistaneses, que cumpriam estes requisitos e dos quais não se sabe nada desde domingo. A Guarda Costeira dos EUA revelou que a embarcação perdeu o contacto depois de 1 hora e 45 minutos de mergulho no domingo e, até ao momento, não foi possível localizá-la.
The @USCG is searching for a 21-foot submersible from the Canadian research vessel Polar Prince.
— USCGNortheast (@USCGNortheast) June 19, 2023
The 5 person crew submerged Sunday morning, and the crew of the Polar Prince lost contact with them approximately 1 hour and 45 minutes into the vessel’s dive.
Mas, afinal, o que pode ter acontecido para que o "Titan" tenha perdido contacto com a superfície? Uma das hipóteses avançada por Eric Fusil, especialista em submarinos e professor da Universidade de Adelaide à CNN Internacional, é o corte de energia do sistema primário.
Segundo Fusil, um corte de energia a bordo poderia causar a perda de comunicação, até porque não é certo se o "Titan" tinha ou não uma segunda fonte de energia para o caso de o sistema elétrico primário falhar. Outra das hipóteses é a de um curto-circuito a bordo ou de inundação.
Na hipótese de inundação, a pressão da água dentro da embarcação faria com que a maioria dos submergíveis explodisse. Segundo a OceanGate, o "Titan" está equipado com uma inovadora caraterística de segurança que monitoriza a pressão na embarcação e que avisa o piloto se for detetado algum problema.
Outra das hipóteses é a de que o subermegível tenha ficado preso em alguma coisa no Oceano. De acordo com o especialista, com as fortes correntes submarinas e o campo de destroços do Titanic no fundo do oceano, existe a possibilidade de ter ficado preso ou com o caminho bloqueado. Recorde-se que os destroços do Titanic estão quase quatro mil metros abaixo da superfície e a 1500 quilómetros ao largo de Massachusetts, no oceano Atlântico.
96 horas de oxigénio... a contar desde domingo
A viagem tinha duração estimada de oito dias, no entanto, o "Titan" só submergia ao terceiro dia de viagem e era esperado que voltasse à superfície ao sétimo dia. Ou seja, assim que as 96 horas de oxigénio se esgotassem.
Isto porque o submergível em causa "tem um tempo de sobrevivência de 96 horas", de acordo com o site da companhia.
"Estive no submarino durante 12 horas. Temos o nosso próprio sistema de respiração a bordo e, se for mantido corretamente, como mudar o filtro e o purificador de CO2, podemos ficar lá em baixo durante algumas horas", revela o especialista Larry Daley à CNN Internacional.
Assim sendo, tendo em conta que a tripulação perdeu contacto com a superfície no domingo, é esperado que a janela de 96 horas se esgote ao final da tarde de quinta-feira.
Para tentar encontrar o submarino antes do tempo se esgotar, a Guarda Costeira dos Estados Unidos está a "mobilizar todos os meios", incluindo o Polar Prince, o antigo navio quebra-gelo da Guarda Costeira canadiana utilizado para transportar o "Titan" para o local dos destroços do Titanic antes da expedição.
Por sua vez, a Horizon Maritime, coproprietária do Polar Prince, enviou um navio adicional, o Horizon Arctic, para ajudar nas buscas.
Já o Centro Canadiano de Coordenação de Salvamento Conjunto (JRCC) de Halifax enviou uma terceira embarcação - o navio da Guarda Costeira canadiana Kopit Hopson 1752 - para ajudar na operação de busca e salvamento.
Quanto à OceanGate, garante estar a "explorar e a mobilizar todas as opções para trazer a tripulação de volta em segurança", agradecendo todo o apoio governamental e de outras companhias marítimas nas operações.
— OceanGate Expeditions (@OceanGateExped) June 19, 2023