«Era lógico pôr o lugar à disposição», diz Carlos Manuel

5 nov 2000, 20:35

Campomaiorense-Belenenses, 0-1 (reportagem) O treinador demissionário do Campomaiorense diz que a equipa não teve personalidade e por isso perdeu com o Belenenses. Marinho Peres gosta de entrar em qualquer campo para vencer.

Minutos depois de ter colocado o seu lugar à disposição da Direcção, Carlos Manuel, treinador do Campomaiorense, tentou explicar a derrota sofrida diante do Belenenses: «Devido a esta fase difícil, sem vitórias, a minha equipa tem receio. E quando uma equipa tem receio de jogar à bola, obviamente tem dificuldades a atacar. Foi o que aconteceu. O Belenenses é muito forte, tem três homens na frente que jogam muito bem. Nós ainda tentámos contrariar isso, mas sem criatividade. A cabeça não pensava e quando isso sucede é difícil ganhar jogos.» 

Na opinião do demissionário treinador raiano, o Campomaiorense «é uma equipa que trabalha bem durante a semana, mostra disponibilidade nos treinos e forma um grupo interessante, mas chega aos jogos e sente-se retraída». 

«Isso aconteceu hoje. Sofremos um golo um tanto ou quanto inacreditável, tentámos fazer alguma coisa, mas sempre mais com o coração que com a cabeça e isso no futebol não pode acontecer. Tem que haver personalidade e nós não a tivemos», acrescentou. 

Carlos Manuel justificou em seguida o facto de ter colocado o lugar à disposição dos dirigentes alentejanos:«Nunca na minha vida atirei toalhas ao chão. Lutei sempre, até na minha vida particular, por mim e pelos meus. Mas é evidente que começamos a sentir que as coisas não vão bem. Neste clube o relacionamento entre as pessoas é de honestidade e sinceridade. Sei ver quando as coisas não correm bem e é evidente que elas partem sempre pelo mesmo sítio, que é o do treinador. Por isso mesmo, depois de o jogo acabar falei com o presidente João Nabeiro e com os vice-presidentes Pedro Morcela e José Nabeiro, colocando o meu lugar à disposição.» 

«Pelo respeito que têm tido comigo e pela amizade que tenho por muita gente nesta vila, era lógico da minha parte, com grande realismo, fazer isto», disse ainda, afirmando depois que as respostas sobre a posição tomada pelo clube «cabem obviamente à Direcção». 

«Esperamos Seba de braços abertos» (Marinho Peres) 

«É bom poder jogar fora de casa sem qualquer receio do adversário, embora mantendo o respeito que sempre tivemos», comentou Marinho Peres, treinador do Belenenses, depois da vitória em Campo Maior. «Não é por acaso que o Belenenses está a fazer uma boa campanha, temos jogadores muito aplicados e tecnicistas que sabem o que estão a fazer dentro de campo.» 

O Belenenses conseguiu marcar logo aos sete minutos e depois segurou com confiança a vantagem. «Fizemos um início de jogo muito bom, depois baixámos e com a expulsão do Verona na segunda parte as coisas ficaram um pouco mais difíceis, mas tivemos as melhores oportunidades e merecemos a vitória.» 

Lembrando que pouco contacto teve com Seba, uma vez que o problema cardíaco do jogador foi descoberto pouco depois do início do estágio de pré-época do Belenenses e o jogador deixou logo de treinar, o treinador mostrou-se muito contente com o regresso do «menino». 

«Esperamo-lo de braços abertos», disse Marinho Peres, para depois brincar um pouco. «Quando soube do problema tentei ceder o meu coração, mas ele disse que eu era demasiado velho.» Seba não treina desde o final da época passada e Marinho Peres prevê que o jogador demore a voltar à competição. «Deve estar muito mal fisicamente, não treinou durante este tempo todo. Calculo que possa entrar em forma em Fevereiro ou Março», antevê.

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