"Robotáxis", medo e entusiasmo em São Francisco (e há um enorme problema de vida ou morte)

CNN Portugal , MJC
11 ago 2023, 19:12
Taxis sem motorista em São Francisco, EUA (AP)

Vai ser a primeira grande cidade dos EUA com duas frotas de veículos de táxi sem motorista

A Califórnia aprovou esta quinta-feira uma lei que permite que duas operadoras rivais de táxis sem motorista operem em São Francisco a qualquer hora, apesar das muitas preocupações de segurança que surgiram ao longo do último ano quando estes serviço foram testados - como travagens bruscas, comportamentos erráticos e veículos a bloquearem o tráfego.

A chefe do Corpo de Bombeiros de São Francisco, Jeanine Nicholson, alertou que o "robotáxis" estavam a prejudicar repetidamente a capacidade dos bombeiros de responder a emergências. “Eles ainda não estão prontos para o horário nobre e isso é visível na forma como impactaram nas nossas operações”, disse Nicholson, citada pela AP, durante uma audiência de quatro horas realizada na segunda-feira antes da votação na Comissão de Serviços Públicos.

“Embora todos aplaudamos os avanços da tecnologia, não devemos ter tanta pressa a ponto de esquecer o elemento humano e os efeitos que essa tecnologia sem controlo pode causar em situações de perigo”, escreveu Tracy McCray, presidente do sindicato dos polícias de São Francisco. “Até mesmo atrasos de segundos no nosso trabalho podem ser uma questão de vida ou morte.”

Apesar disso, a comissão aprovou as licenças com três votos a favor, um voto contra e uma abstenção. Os serviços Cruise (subsidiária da General Motors) e Waymo (um spin-off de um projeto secreto do Google) podem trabalhar 24 horas por dia, o que fará de São Francisco a primeira grande cidade dos EUA com duas frotas de veículos de táxi sem motorista a competirem por passageiros com o serviços regulares de táxi conduzidos por humanos. 

Ambas as empresas veem a aprovação das suas licenças em São Francisco como um importante trampolim para o lançamento de serviços semelhantes noutras cidades congestionadas, as quais, dizem, beneficiariam de uma tecnologia que consideram mais segura e barata do que os habituais serviços de transportes dependentes de motoristas humanos.

“Mal podemos esperar para que mais moradores de São Francisco experimentem os benefícios de mobilidade, segurança, sustentabilidade e acessibilidade da total autonomia – tudo com o toque de um botão”, disse o coCEO da Waymo, Tekedra Mawakana, no blogue da empresa. Os defensores dos "robotáxis" sublinham as vantagens, por exemplo, para as pessoas com deficiência que não podem conduzir e também para reduzir o risco de haver pessoas a conduzir embriagadas. 

Há ainda quem acredite que "robotáxis" podem transformar-se numa atração turística, que pode ser tão popular quanto os passeios nos teleféricos que percorrem as ruas da cidade há 150 anos. A Waymo diz que há tanto interesse no serviço que já há uma lista de espera de mais de 100 mil pessoas para fazer um passeio sem motorista pelas ruas de São Francisco.

No entanto, a menos que a Cruise e a Waymo resolvam os problemas que vêm surgindo nos seus "robotáxis", esta poderá ser uma vitória amarga para as empresas, alertou Nico Larco, que acompanha o progresso dos veículos autónomos como diretor da Universidade do Urbanismo Next Center de Oregon. “Há um risco real de fracassar perante a opinião pública”, disse Larco, citado pela AP. “Se eles não resolverem algumas dessas coisas, haverá uma crescente frustração do público em geral.”

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