Justiça paraguaia muda de ideias e Ronaldinho volta a ser detido

7 mar 2020, 11:53
Ronaldinho (foto Ministério Público do Paraguai)

Ex-jogador e o irmão acusados de terem entrado no país com documentos falsos

Depois de o Ministério Público do Paraguai ter dito que não iria acusar Ronaldinho e o irmão Assis por terem entrado no país com passaportes falsos, os dois foram novamente detidos.

Na quinta-feira, o procurador do processo tinha livrado os irmãos de um indiciamento por terem colaborado com a investigação com informações relevantes para a causa.

Assim, Ronaldinho e o seu irmão deixaram a Procuradoria contra o Crime Organizado do Paraguai depois de deporem durante oito horas, explicando a razão de terem usado documentos falsos para entrar no país. A Polícia havia encontrado horas antes passaportes adulterados e documentos de identidade paraguaios falsos.

Os irmãos alegaram «terem sido enganados» e que receberam os documentos através do empresário brasileiro Wilmondes Sousa Lira. Este, por sua vez, argumentou ter recebido os documentos de duas mulheres paraguaias a quem pertenceriam os passaportes, cujos nomes, posteriormente, foram adulterados para os nomes dos irmãos Assis Moreira. Já os documentos de identidade são totalmente falsos.

O juiz do processo, Mirko Valinotti, convalidou o entendimento e esclareceu que «Ronaldinho e o seu irmão não tinham nenhum impedimento para deixarem o país» e que «tinham pleno direito de liberdade» já que não havia nenhuma liminar interposta.

No entanto, no final da noite desta sexta-feira no Paraguai, já madrugada em Lisboa, o juiz mudou de opinião depois que a Procuradora Geral do Estado, Sandra Quiñónez, ter suspendido o entendimento do primeiro procurador, Federico Delfino. O juiz, então, emitiu uma ordem para impedir que o antigo jogador de futebol brasileiro deixasse o país com o irmão.

O Ministério Público publicou uma nota na qual indica que «A Procuradoria Geral emitiu uma ordem de prisão, indiciou o jogador Ronaldinho por ‘uso de documento público com conteúdo falso’ e solicita prisão preventiva.»

 

«Ronaldinho tinha um voo reservado para sair do país na tarde desta sexta-feira, mas, como a declaração perante o juiz se atrasou, teve de adiar a sua saída do país antes de ser detido», indicou o presidente da Direção Nacional de Aeronáutica Civil do Paraguai, Edgar Melgarejo.

Ronaldinho e o irmão Assis foram então novamente detidos e passaram a noite numa cela da Agrupación Especializada da Polícia Nacional, em Assunção, uma instalação anteriormente usada como cadeia comum, mas que atualmente recebe apenas alguns detidos mais mediáticos.

O delegado de Polícia Nacional, César Silguero, disse que Ronaldinho e o irmão não ofereceram resistência à prisão. «Conversámos com os advogados, e eles não ofereceram resistência à prisão. No sábado, a Justiça vai determinar por quanto tempo eles vão ficar detidos.»

O ex-craque da seleção brasileira chegou ao Paraguai na quarta-feira para participar na campanha social da Fundação Fraternidade Angelical que dá assistência médica a crianças desfavorecidas. Também viajou para lançar no mercado paraguaio o seu livro «Génio na vida» que conta a sua história.

Porém, ao passar pela migração no aeroporto, não apresentou o passaporte brasileiro nem o documento de identidade brasileiro, que é também um documento aceite pelas autoridades paraguaias. Apresentou sim um passaporte paraguaio que, depois alegou na Justiça, nunca ter solicitado. Foi detido horas depois no hotel, onde a Polícia encontrou os passaportes e documentos de identidade paraguaios.

A Justiça paraguaia ordenou ainda a detenção de mais três pessoas: o empresário Wilmondes Sousa Lira, apontado pela defesa de Ronaldinho como responsável pelos documentos falsos, bem como as paraguaias María Isabel Galloso e Esperanza Apolonia Caballero. Os passaportes e cédulas de identidade paraguaios dos antigos jogadores foram expeditos em nome de Maria e Esperanza e depois adulterados para passarem a ter os nomes dos irmãos Assis.

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