Petróleo volta a subir, mas longe do pico de segunda-feira

9 mar 2022, 06:05
Corrida aos combustíveis (Lusa/José Coelho)

Anúncio do boicote norte-americano ao petróleo russo voltou a impulsionar a cotação do crude, mas longe dos máximos de segunda-feira. Bolsas asiáticas recuperaram ligeiramente

O anúncio da proibição de importação de petróleo russo por parte dos EUA está a ter impacto nos mercados asiáticos. Os preços do petróleo estão a subir, os de vários metais e matérias-primas também, mas as bolsas asiáticas mostram-se calmas, e em ligeira alta, conforme os  investidores avaliam as consequências dos últimos desenvolvimentos em torno da invasão russa da Ucrânia.

Durante as negociações desta manhã nos mercados asiáticos, o barril de Brent foi negociado a 130,48 dólares por barril. Trata-se de uma subida de 2% ao longo da negociação, mas que deixou o valor de referência longe do pico de 139,13 dólares atingido na segunda-feira. O índice norte-americano de crude West Texas Intermediate foi negociado a 126,44 dólares por barril, um aumento de 2,2%.

O barril de petróleo está atualmente a cerca do dobro do valor a que era negociado no seu valor mais baixo no mês de dezembro. De então para cá, começou a escalada: primeiro, pelo aumento da procura devido à retoma das indústrias, viagens e outras atividades, graças ao controlo da pandemia de covid-19; nas últimas duas semanas, devido à invasão russa da Ucrânia e todos os receios que lhe estão associados.

Ontem o vice-primeiro-ministro russo ameaçou cortar todos os fornecimentos de energia da Rússia ao Ocidente, acenando com um cenário em que o petróleo poderia chegar aos 300 dólares por barril. Os mercados estão muito longe desses valores, e hoje os aumentos na Ásia foram moderados, mas não há razões para alívio: os preços vão mesmo continuar a subir, ainda que a profecia do Kremlin não se concretize. 

"O choque petrolífero é, por natureza, um choque que se acumula, não um choque pontual e o potencial para o mercado atingir 150 dólares antes de voltar aos 100 dólares é mais fácil de digerir para os investidores", disse à Reuters Stephen Innes, sócio-gerente da SPI Asset Management. "A colocação em vigor de sanções sem que antes se desenvolvam contingências de fornecimento substituto arrisca-se a [um preço] do Brent em bruto muito mais elevado".

Mas o petróleo não é o único bem a ver subir os preços de negociação. Os preços do níquel na China subiram até 17%, para cerca de 42,400 por tonelada. A cotação do ouro desceu ligeiramente de máximos históricos, negociando a 2.038,95 dólares por onça (menos 0,66%). Os preços do trigo, entretanto, continuam igualmente em alta - a Rússia e a Ucrânia produzem, em conjunto, mais de um quarto de todo o trigo vendido no mundo.

 

Bolsas estabilizam

 

Nos mercados de ações, o índice mais amplo do MSCI, que avalia toda a negociaçao da Ásia-Pacífico fora do Japão cresceu 0,80%, impulsionado pela Austrália. O índice CSI300 da China subiu 0,47%, e o Nikkei, de Tóquio, ganhou 1,1%.

Os ganhos desta quarta-feira na Ásia marcaram uma inversão após três sessões de perdas acentuadas, que fizeram cair o índice MSCI em mais de 6%, para o seu nível mais baixo desde finais de Setembro.

O mercado de futuros europeus seguiu o exemplo da Ásia, com o Euro Stoxx 50 a subir 1,5% e o FTSE 100 a ganhar 1,2%. 

"Os mercados permanecem voláteis, incapazes de ter confiança nas implicações que o fluxo de notícias terá nos preços, dado o complexo estado da economia global", disse à Reuters Rodrigo Catril, estratega sénior de FX do National Australia Bank.

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