Treino aberto do Benfica: o encantador, o aplaudido e o assobiado

Adérito Esteves , Estádio da Luz, Lisboa
3 jul 2022, 19:42

As primeiras impressões sobre o Benfica de Roger Schmidt

Calmo e de mãos atrás das costas junto à linha lateral.

Não deixa de ser curioso que a primeira imagem deixada por Roger Schmidt no Estádio da Luz seja exatamente oposta àquela que o treinador alemão parece querer impor na equipa dentro do relvado.

Durante os cerca de 50 minutos que durou o jogo-treino realizado no treino aberto do Benfica neste domingo, o treinador alemão manteve-se sereno e pouco ou nada interventivo para dentro do relvado.

O jogo que parece querer implementar, contudo, é o oposto. Vivo e intenso. Sobretudo quando a equipa tem a posse de bola, impõe uma grande intensidade sobre a defesa oposta.

Tal como tinha anunciado, o técnico alemão começou por alterar o sistema de jogo que a equipa apresentava na época passada.

Dois «meninos» do Seixal e um reforço no primeiro onze

O Benfica de Schmidt vai jogar, preferencialmente, no que parece desdobrar-se entre o 4-2-3-1 e o 4-3-3.

Nesse sentido, aquela que pareceu ser a equipa mais perto da que poderá ser aposta jogou com colete amarelo.

Ainda sem os vários internacionais, a primeira aposta de Schmidt para o onze teve dois «meninos» que venceram Youth League na época passada e um reforço.

A saber: Helton Leite; Gilberto, António Silva, Morato e Grimaldo; Florentino e Weigl; Rafa, João Mário e Neres; Henrique Araújo.

João Mário surgiu como o «camisola 10» de que Schmidt não prescinde nas suas equipas – Chiquinho também por lá passaria com qualidade. E tiveram lugar nessa equipa o central António Silva e o ponta de lança Henrique Araújo.

Destaque ainda para o regressado Florentino, também formado no Seixal e que esteve emprestado ao Getafe na época passada e que jogou ao lado de Weigl.

Já a equipa sem colete, que rodou muito mais os seus jogadores durante as quatro partes, apresentou os seguintes jogadores: Samuel Soares; Bah, André Almeida, Tomás Araújo e Gil Dias; Meité e Paulo Bernardo; Diogo Gonçalves, Chiquinho e Tiago Gouveia; Musa.

Com a equipa de colete em vantagem no final da primeira parte de 12 minutos, com um golo de Henrique Araújo após arrancada e assistência de Rafa, Schmidt manteve exatamente os mesmos jogadores na segunda parte.

E aí, brilhou João Mário. No papel de «10», o médio bisou, apontando o primeiro de penálti que ele sofrera e o segundo após contornar o guarda-redes adversário.

O quarto e último golo do jogo-treino, todos apontados pela equipa com colete, foi marcado por António Silva, numa jogada estudada num canto.

O encantador de adeptos, o aplaudido e o assobiado

Além do guarda-redes Helton Leite, foram quatro os jogadores que fizeram todo o jogo na equipa com colete: a dupla de centrais, Morato e António Silva; Gilberto e Neres.

E foi sobre o extremo contratado ao Shakhtar que recaíram mais holofotes neste primeiro contacto com os adeptos.

O brasileiro jogou sempre sobre a direita, mostrou muito boa condição física para esta fase da época e foi o responsável pelos mais longos suspiros dos mais de 20 mil adeptos que marcaram presença no Estádio da Luz.

Vários detalhes individuais de Neres encantaram a plateia e o Benfica pode ter encontrado um novo «menino bonito» dos adeptos.

Tal como Neres, outro dos jogadores mais aplaudidos foi o «menino» Diego Moreira, que não jogou pela equipa de colete, mas mostrou grande personalidade, com várias iniciativas individuais.

Quem também foi muito bem-recebido após meia época de empréstimo na Turquia foi Pizzi. Sempre que se preparava para bater um canto, o médio recebia muitos aplausos dos adeptos.

Mas se os sinais dados pelos adeptos foram bons, o mesmo já não se pode dizer sobre aqueles que lhe foram transmitidos por Roger Schmidt.

Além de não ter começado de início em qualquer das equipas, Pizzi nunca passou pela equipa de colete. Sinal de que não se vai demorar às ordens do treinador alemão? O tempo dirá.

Grimaldo é que vai levar piores recordações deste primeiro contacto com os adeptos.

O lateral espanhol foi várias vezes assobiado pelos adeptos na Luz que não esquecem o polémico episódio que veio a público sobre o que se terá passado antes do último jogo da época passada, quando Grimaldo terá recusado jogar.

Neste domingo, o espanhol garantiu em entrevista que o episódio está resolvido, mas os adeptos das águias fizeram questão de lhe mostrar que não é bem assim. Ainda que, verdade seja dita, os assobios foram diminuindo com o avançar do tempo do treino.

No final, não houve lugar para ressentimentos. A ovação para a equipa foi geral e foi ao ritmo do cântico «Benfica dá-me o 38» que os jogadores desceram aos balneários.

E aí nem Roger Schmidt foi capaz de manter as mãos atrás das costas. Aplaudiu os adeptos durante largos minutos. Desde o centro do relvado até à boca do túnel.

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