Veríssimo: «Não está fechado, acreditamos que podemos causar dano»

David Marques , Estádio da Luz, Lisboa
5 abr 2022, 23:58

A análise do treinador do Benfica à derrota com o Liverpool na Luz. «Fizemos uma segunda parte melhor do que a primeira»; diz

Nélson Veríssimo, treinador do Benfica, em declarações na conferência de imprensa após o Benfica-Liverpool, da 1.ª mão dos quartos de final da Liga dos Campeões:

«A eliminatória não está fechada, mas temos a consciência de que fica mais difícil. Tínhamos a consciência de que estávamos a defrontar um adversário com muita qualidade. Estávamos à espera que o Liverpool tivesse uma entrada forte para marcar o mais cedo possível. Baixámos o nosso bloco estrategicamente com o objetivo de não expor muito a nossa equipa ao ataque à profundidade do Liverpool. Tivemos momentos com posse de bola, mas nesses momentos sentimos que a equipa estava um bocadinho precipitada e que após a recuperação da posse de bola estávamos a perder. Sofremos um golo de bola parada e um de transição. Ainda assim, sentimos que o jogo não estava entregue.

Ao intervalo passámos mensagem de confiança aos jogadores, que também acreditavam que era possível fazer pelo menos um golo que nos colocasse dentro da eliminatória. Depois de fazermos essas correções e de passarmos essa mensagem de confiança, entrámos da forma que desejávamos.

Fizemos o golo logo nos primeiros minutos e a partir daí, com o apoio do público, a equipa galvanizou-se, e começou a chegar com mais perigo a zonas de finalização. Na minha opinião fica um penálti por assinalar sobre o Darwin que se fosse concretizado daria o 2-2.

Fizemos uma segunda parte melhor do que a primeira. Obviamente, sempre numa perspetiva de controlar o jogo interior e os espaços nas costas da nossa linha defensiva, porque sabíamos que era um dos pontos que o Liverpool podia aproveitar. Tivemos mais chegada a zonas de finalização e no fim acabámos por sofrer um golo, que torna a nossa tarefa mais difícil, mas não impossível

[Primeira substituição ao minuto 70 com a equipa bem. Porquê?]

«Sentimos que a equipa estava bem na segunda parte e daí ter feito a primeira substituição perto dos 70 minutos. O Adel vinha de lesão, tinha amarelo e já estava a quebrar. Num momento de cansaço, com um cartão amarelo, podia colocar em risco a igualdade numérica com o Liverpool. A substituição foi com esse intuito. Depois, fizemos a segunda sub mais perto dos 80 porque sentimos que a equipa estava bem, dentro do objetivo de controlar o jogo e com chegada. Ao minuto 80 sentimos que tínhamos de arriscar um bocadinho mais, com a entrada do Yaremchuk e a colocação do Darwin no lado esquerdo. Mais à frente foram feitas outras substituições, mas não foi por isso que perdemos o jogo. Aliás, os jogadores entraram bem e deram a resposta que esperávamos.»

[Boa segunda parte do Benfica, mas muitos erros no meio-campo. Faltou concentração ou foi o Liverpool que forçou isso pela agressividade que mete no jogo?]

«Na primeira parte isso aconteceu de forma mais evidente do que na segunda e esse era um dos aspetos que tínhamos de corrigir. Para além de um ou outro posicionamento, essa capacidade de ter bola e não desperdiçar a posse logo de seguida. Naturalmente, a capacidade coletiva do Liverpool contribuiu para que isso acontecesse. É uma equipa com os jogadores muito bem equilibrados, próximos dos nossos jogadores que podiam fazer mais ferida na transição.

Ainda assim, acho que na segunda parte equipa conseguiu contornar essa pressão e fizemos uma segunda parte muito melhor do que a primeira. Não porque tivéssemos estado mal na primeira, mas há que dar mérito ao que o Liverpool conseguiu fazer.»

[Benfica tem de melhorar no processo defensivo?]

«Quando sofremos golos, temos sempre de melhorar qualquer coisa. E as vezes quando não sofremos. Sofremos um golo de bola parada, um bom cruzamento e cabeceamento ao segundo poste, e sofremos dois golos de transição. É um dos momentos que o Liverpool aproveita bem. Não tivemos o equilíbrio mais adequado para suster essa transição. No terceiro golo podíamos ter feito a falta que matava essa transição, mas as coisas acontecem rápido e os jogadores até tentam fazer e por vezes não conseguem. Mas, acima de tudo, relativamente a este jogo, temos de perceber aquele que tem sido o percurso que esta equipa tem vindo a fazer desde agosto com o Spartak Moscovo. O Benfica está nos quartos de final da Champions: eliminámos o Ajax e estamos a jogar com o Liverpool. Está mais difícil, mas a eliminatória não está fechada e acreditamos que podemos causar dano.»

[Benfica esteve equilibrado com Meitë em Amesterdão. Porque é que optou por Taarabt contra o Liverpool?]

«Consideramos que o Adel também nos dá essa consistência defensiva. Ele é muito inteligente na perceção dos espaços que os adversários pisam em função das dinâmicas do jogo. Faz muito bem esse controlo E tem a capacidade de ver o jogo à frente. Recupera a bola e já está a perceber as linhas de passe para jogadores de posições mais adiantadas. Cada jogador tem as suas características. Num jogos adequam-se mais uns, noutros outros.»

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