Maiores bancos já lucram 3,3 mil milhões em 2023 e apagam perdas do setor na última década

ECO - Parceiro CNN Portugal , Alberto Teixeira
11 nov 2023, 11:59
Caixa Geral de Depósitos

Bancos perderam mais de 13 mil milhões entre 2011 e 2017. Mas bom desempenho de 2023 vai permitir ao setor deixar para trás a trágica década de 2010, marcada pelas falências e resgates à banca.

Os cinco maiores bancos portugueses registaram lucros de quase 3,3 mil milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, uma subida de 75% em comparação com o mesmo período de 2022, de acordo com as contas do ECO.

Este resultado permite anular as avultadas perdas que o setor registou na trágica década de 2010, marcada pelo resgate financeiro a Portugal e pelos problemas da banca, que culminou na falência do BES (2014) e do Banif (2015) e na intervenção do Estado noutras instituições, como o BCP e o BPI (com os chamados Cocos) e a Caixa Geral de Depósitos (com a recapitalização de 2016).

Entre 2011 e 2017, o período mais problemático para a banca nacional, o setor acumulou prejuízos de 13,1 mil milhões de euros, de acordo com os dados disponibilizados pelo Banco de Portugal.

O ano de 2018 marcou o virar de página nos resultados, pese embora as avultadas perdas do Novobanco (por conta da limpeza do fardo do BES) continuassem a condicionar o desempenho do setor.

Os lucros aceleraram nos últimos três anos com o fim da reestruturação do Novobanco e, principalmente, com a subida das taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE) para controlar a escalada da inflação.

Entre 2018 e 2022, o setor acumulou lucros de 8,6 mil milhões de euros. A que se juntam agora os lucros de 3,3 mil milhões dos cinco maiores bancos até setembro.

BCP e Novobanco ainda no vermelho

O breakeven do setor não significa que todos os bancos estão na mesma posição. Que diga o Novobanco, cujas perdas desde a sua criação em agosto de 2014 atingem os 6,97 mil milhões – parte das quais foram compensadas com as sucessivas injeções do Fundo de Resolução.

Também o BCP apresenta contas no vermelho desde 2010: -781,5 milhões de euros. O período mais grave para o banco situou-se entre 2011 e 2014. Para a instituição liderada por Miguel Maya, 2023 é o ano da “normalização”.

Quanto à Caixa, o resultado deste ano “apaga” os prejuízos da última década. Entre 2011 e 2016 o banco público teve prejuízos de 3,9 mil milhões de euros, devido às perdas registadas com empréstimos problemáticos – perdas que foram alvo de uma auditoria e uma comissão parlamentar de inquérito.

Entretanto, desde 2017, o banco do Estado vem somando lucros de 4,2 mil milhões (do quais mil milhões só este ano), tendo já devolvido uma boa parte da ajuda que recebeu dos contribuintes (através dos dividendos) e a totalidade dos 1.000 milhões da parte privada da recapitalização.

Os dois bancos “espanhóis” Santander e BPI escapam um pouco a esta narrativa. O primeiro registou sempre lucros e acumula um resultado de 4,7 mil milhões desde 2010. O segundo teve dois anos de prejuízos (2011 e 2014), mas foram facilmente absorvidos em face dos resultados estáveis que o banco do CaixaBank tem obtido: 2,6 mil milhões é o resultado acumulado pelo banco de João Pedro Oliveira e Costa desde 2010.

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